Desde a fundação do Banco Grameen em 1976, o uso do microfinanciamento no desenvolvimento econômico tem se mostrado um método extremamente eficaz de prover crédito para os mais pobres. Normalmente sem acesso até à serviços financeiros mais básicos, as microempresas podem se beneficiar do aumento de liquidez. Para oferecer produtos a preços acessíveis, as organizações e as instituições financeiras emprestam na base da solidariedade, onde microempresários formam grupos de empréstimos para obter crédito. Um valor é dado a um membro do grupo e é da responsabilidade de todos assegurarem o reembolso. Isto permite que os credores não exijam garantias ou bom crédito porque todos os membros do grupo querem acessar crédito.
No Rio de Janeiro, a indústria de serviços de microfinança continua carente em relação a uma escala operacional adequada. Isto, entretanto, não significa que o microcrédito está completamente indisponível. Existem algumas organizações que fornecem esses serviços no Rio. Estes incluem Vivacred, Banco Itaú, Santander, Caixa Econômica Federal e Tribanco. Infelizmente, essas organizações determinam a capacidade de créditos para empréstimos ao invés de empréstimos solidários. No entanto, eles continuam operando com resultados aceitáveis.
Fundado pela ONG Viva Rio em 1997, o VivaCred tem por objetivo promover o desenvolvimento econômico e mobilização social oferecendo crédito para comunidades de baixa renda. Uma das poucas agências de microcrédito brasileiras que utilizam empréstimos solidários, agora apoiadas pelo Banco do Nordeste e o BNDES, o VivaCred oferece quatro distintos produtos financeiros: o empréstimo solidário entre R$100 e R$1100 para bancos comunitários ou R$100 e R$2000 para grupos de empréstimos solidários (3-10 pessoas), destinado a materiais básicos e aquisição de equipamentos; um empréstimo individual entre R$300 e R$8000 para grupos entre 15 e 30 pessoas, destinado a investimento de capital (máquinas, equipamentos, etc); um empréstimo complementar entre R$2100 e R$15.000 para bancos comunitários e empréstimo para grupos solidários destinados a materiais básicos e aquisição de bens. Eles também oferecem seguro de vida com um prêmio de R$25 mensais e seguro de R$3000 com R$840 de assistência funeral.
O departamento de microfinanças do Banco Itaú oferece microcrédito a microempresários tanto do setor formal e informal, com objetivo de oferecer empréstimos acessíveis para estimular o crescimento do negócio. O Itaú concede empréstimos a trabalhadores autônomos, proprietários de pequenas empresas formais e proprietários de empresas informais, oferecem crédito para “desenvolver sua atividade produtiva por um período mínimo de um ano. Isto pode ser usado para comprar mercadorias, restabelecer o estoque, comprar máquinas e expandir o local de trabalho”. Para incentivar ainda mais o crescimento dos negócios, as taxas de juros podem ser reduzidas para um forte desempenho dos negócios. Os empréstimos variam de R$400 a R$5000 para o primeiro empréstimo e em seguida aumentam para entre R$400 a R$14.200.
O Santander Microcrédito foi lançado pelo Banco Santander em 2002 e oferece crédito e orientação financeira para empresários em regiões de baixa renda, apoiando assim o sucesso de seus negócios ajudando a mudar a realidade deles próprios e da sua comunidade. Atualmente o Santander está abordando o microcrédito com um toque mais pessoal. O banco emprega agentes de comunidades de baixa renda para ajudar a fornecer o serviço ao cliente. Como membros da comunidade, eles tem muito mais compreensão das necessidades. Com empréstimos que variam de R$500 a R$15.000, e R$1.5 bilhões já emprestados a 250 mil empresários, o Santander microcrédito é o maior credor privado de microfinanças.
Microcrédito Crescer Caixa é o serviço de microfinanças do governo federal. Os credores oferecem algumas das melhores taxas de juros e rotineiramente visitam os negócios dos clientes para atender as suas necessidades. Taxas de empréstimos são no valor de R$300 a R$15.000, com o primeiro empréstimo podendo ser de até R$2000. O crédito é determinado com base em cada caso, pesquisando a capacidade de pagamento e histórico de crédito.
Tribanco foi fundado em 1990 e atua no setor de varejo com produtos financeiros práticos. Parte do grupo Martins, o banco se concentra em empréstimos para empresas de varejo. Enquanto ele oferece empréstimos a preços acessíveis, também fornece o Tricard, uma forma de incentivar métodos de pagamento com cartão de crédito nos negócios e o Tribanco Seguro que vende seguros. Os empréstimos são determinados por crédito, que o Tribanco avalia antes de oferecer um produto.
Analisando essas instituições, está claro que há carência de microfinanciamento no Rio e não por falta de demanda. O fato é que como oportunidade de investimento, os ricos (credores) ainda vêem o pobre como investimento arriscado. Além disso, há muito lucro para ser feito pelos banqueiros sem investir nas favelas, e que possibilita fugir do “tumulto“ de dentro dessas comunidades.
Porém, isto não implica que o microcrédito não funcione — globalmente o microcrédito tem uma taxa de retorno de 97%. Simplesmente isso quer dizer que pode funcionar, desde que a devida atenção é dada às comunidades, o que aqui no Rio, pode ser a parte mais difícil, dado ao condicionamento de uma sociedade extremamente desigual desempenhando um papel na hesitação das elites em investir nos pobres.
Com o respeito e atenção das instituições financeiras do Brasil, pelo menos os membros da comunidade teriam uma escolha. A microfinança oferece para os donos de negócios a chance de expandir seus negócios em face à invasão das corporações. Ao proteger a economia da favela, o que seria um grande resultado a ser adquirido com a ajuda do microcrédito, o crescimento seria mais fácil e orgânico enquanto gera efeitos externos positivos como fortalecer a voz da comunidade, e a alavancagem econômica para apoiá-la.
Fonte: http://rioonwatch.org.br/?p=5656