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Foto: André Fernandes / ANF

O complexo universo do desejo humano não pode ser reduzido ao simplismo da visão miope dos que moram no asfalto. Viver e interagir no complexo social das favelas requer uma leitura despojada de achismos e de um saber produzido na academia.

O espaço de pertecimento dos Josés e Marias que ascensoram o subir e descer da classe média e rica do Brasil tem suas querelas, mas também tem sua teia orgânica da produção do saber. Nao se pode visitar uma favela tão dinamica como o Complexo do Alemão sem  que você  deixe em seu mundo das certezas todo seu preconceito. Viver em favelas é pertencer a quilombos urbanos. É ser sobrevivente da luta de Antonio Conselheiro.  É recitar a poética da vida, ainda que a universidade não esteja presente. É ser pré-sal sem receber incentivo da Petrobras.  É investir em vida sem que a Caixa invista dinheiro de nossa poupança.

Viver em favela é gritar nao à opressao armada, ainda que a voz esteja embargada por uma falsa pacificação – que está mais para panificação, porque vende um sonho sem o recheio da dignidade.