Repórteres sem Fronteiras condena firmemente a agressão de que foi vítima Karinny de Magalhães em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, a 12 de junho de 2014. Durante a cobertura de uma manifestação contra a Copa do Mundo de futebol para o coletivo de difusão de informação online Mídia NINJA, ela foi insultada e espancada pela polícia militar. Foi depois detida e levada à delegacia, onde perdeu consciência devido aos golpes dos agentes.
“Karinny de Magalhães foi submetida a um tratamento desumano”, declarou Camille Soulier, responsável da secção Américas de Repórteres sem Fronteiras. “Em pleno Mundial de futebol, as autoridades devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para proteger os jornalistas. De acordo com uma resolução das Nações Unidas aprovada em março de 2014, os jornalistas que cobrem manifestações devem imperativamente ser protegidos.
Segundo Mídia NINJA, organização de difusão de informação a meio caminho entre o jornalismo e o ativismo, Karinny de Magalhães se encontrava filmando a manifestação pacífica “Copa sem povo, tô na rua de novo” através de seu celular. Quando as forças da ordem começaram a dispersar os manifestantes com gás lacrimogêneo, ela foi perseguida por uma dezena de agentes da polícia militar. Estes a imobilizaram e agrediram, antes de afirmar que “vocês [os jornalistas] são o câncer do mundo, deviam todos morrer.” Depois de conduzida ao posto policial, os agentes tomaram seu celular e lhe pediram o código do aparelho. Ela recusou comunicá-lo e os agentes a espancaram, provocando seu desmaio.
Desde o início das manifestações no Brasil, em junho de 2013, cerca de 120 jornalistas foram vítimas de ataques à liberdade de informar. De acordo com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), mais de 80% desses atos de violência foram cometidos pela polícia militar, já várias vezes criticada por Repórteres sem Fronteiras devido a seus métodos extremamente brutais.
O Brasil se encontra na 111ª posição em 180 países na Classificação 2014 da Liberdade de Imprensa.