A única coisa que os líderes comunitários podem fazer no momento, é dizer adeus a mais um companheiro presidente de Associação de Moradores de favelas. É triste, mas o índice é crescente e sem previsão de término. Sem voz, sem vez, e sem forças para mudar a situação contínua, já podemos chamar infelizmente de rotina.
Hoje existe a indagação na intenção de saber para que serve uma Associação de Moradores de favelas. Isto porque quando se fala de força, realmente não existe nenhuma, visto que desde a formação das primeiras favelas, final do século XIX, ainda se luta por saneamento, distribuição de água, energia elétrica, enfim, cidadania. Discorro sobre o assunto com propriedade, porque após ter vencido uma eleição histórica na segunda maior favela do Rio de Janeiro – Jacarezinho, pensei que reivindicando e exigindo que se cumprissem todas as necessidades local, o poder público iria atuar na comunidade. Ledo engano. Em pleno século XXI, as redes de esgotos se encontram esgotadas. O favelado na maioria das ruas, becos e vielas convivem com esgotos a céu aberto. O lixo se acumula como se os lixões fossem ali. Nas redes elétrica, avista-se fios separados por pedaços de madeira. Um verdadeiro abandono do poder público. CEDAE, COMLURB, LIGHT E RIOLUZ , não dão à atenção necessária. É caso de Ação Pública Incondicionada. O convívio com doenças, como pneumonia, tuberculose, HIV e outras, também é frequente por lá. As Clínicas de Família e UPAS existem, mas não tem médicos. A Segurança Pública faz das favelas o seu espaço de show macabro, as balas perdidas sempre encontram os corpos do favelados. O presidentes gritam, mas não são ouvidos. Quando fazem comissões para reclamar, são criminalizados. Insistindo acabam vítimas de manipulações de processos e são presos, se denunciam, são mortos. Daí a pergunta, pra que uma Associação de Moradores?
Voltando ao Jacarezinho, levei para lá: a Relatora Para Execuções Sumárias da ONU para que ela pudesse confirmar a veracidade das denuncias sobre as dezenas de mortes na favela, a OAB – Ordem dos advogados do Brasil, ABI – Associação Brasileira de Imprensa também, a fim de que todos esses órgãos credenciassem as ações. Mas tudo isso parece chuva passageira, molha naquele momento, mas logo seca como se não houvesse chovido. Tudo volta ao normal, inclusive a contabilidade dos mortos.
A morte de Osmar Paiva Camelo, 53 anos, presidente do Morro do Timbau, é mais uma na sarcástica estatística comunitária. Vejamos a nota da Força de “Pacificação”, informou que “não há indícios de que esse homicídio tenha qualquer intenção de interromper o processo de pacificação e acrescentou que ” a rotina segue normal com patrulhamento ostensivo, revistas e prisões em fragrante”.
Resta então para os líderes comunitários, saber se possível, quem será a próxima vítima e claro, dá Adeus a mais um companheiro, o Osmar do Timbal. Mas ficaremos aqui na resistência e todas as vezes que chamarem pelo companheiro, responderemos – presente!
Rumba Gabriel