(por Frederico Graniço)
(Divulgação ANPOF)
Em outubro de 2014 ocorreu o décimo sexto Encontro bianual da ANPOF, a Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia. O palco do encontro, com mais de 2.300 filósofos inscritos, foi a cidade de Campos do Jordão, que conta cerca de 50 mil habitantes e fica localizada no interior de São Paulo.
A cidade apresenta uma estrutura turística muito desenvolvida, organizada e contando com muitos restaurantes, bares e hotéis; porém também recebeu algumas críticas por parte dos congressistas. Segundo a doutoranda em filosofia Julia Casamasso Mattoso (UFRJ), embora a cidade seja “linda, com estrutura para receber um evento do porte da ANPOF”, Campos do Jordão é também “muitíssimo cara” em relação à ajuda de custo dada pelas universidades. Julia acredita que “por ser um evento cujo maior público é de estudantes bolsistas, ele deveria ser feito em um lugar mais acessível a todos, com menos gastos financeiros e mais interação promovida pelos próprios congressistas”.
(Divulgação ANPOF)
Julia participou do Grupo de Trabalho (GT) em Estética, apresentando um trabalho sobre Walter Benjamin e Jacques Rancière, chamado “Arte, política, educação: caminhos para emancipação intelectual”; segundo a autora “O trabalho consiste em apresentar saídas através da arte que possibilitam a capacidade de pensar autonomamente”. Dentre os inumeráveis temas de debate da ANPOF figuram mesas que discutem desde filósofos, como Aristóteles, Spinoza, Deleuze, Nietzsche, Heidegger, Kant, Wittgenstein… até temas mais abrangentes como Religião, Linguagem, Mente, Direito, História.
Pedro Poncioni, mestrando da UFRJ, apresentou um trabalho sobre a vontade de poder de Nietzsche, e sua relação com o tempo. O GT Nietzsche é dos mais procurados, tendo lotado completamente alguns dias do evento, não dando tempo sequer para os participantes fazerem perguntas, segundo Pedro na apresentação de alguns grandes mestres nacionais.
Um Grupo de Trabalho menor, e que nós acompanhamos, é o GT Pragmatismo e Filosofia Americana. Que se reuniu num dia inteiro num coletivo de cerca de 20 pessoas.
(Edna Magalhães)
Susana de Castro, doutora e ex-coordenadora do GT, diz que o objetivo do grupo é divulgar o pensamento pragmatista e neo-pragmatista no Brasil, onde é ainda incipiente. Um dos principais nomes dessa corrente é o filósofo norte-americano Richard Rorty. Segundo Susana, essa linha filosófica estimula o diálogo da filosofia com outras áreas de conhecimento, e o debate sobre o tempo presente, sobre a realidade cultural e social.
Um desses diálogos acontece no debate sobre o feminismo. Príscila Carvalho, pós-doutoranda na UFRJ, apresentou trabalho sobre o pensamento da filósofa norte americana Nancy Fraser, relacionado ao pragmatismo de Rorty. A filósofa, segundo Príscila Carvalho, busca uma “perspectiva de justiça social democrática, socialista e feminista”, e para tal utiliza o pragmatismo como uma “estratégia de redescrição e revolução semântica capaz de subverter nossa estreita cultura, androcêntrica e sexista”. A polêmica está na dicotomia entre pensamentos voltados para um direito universalista, e o pragmatismo voltado para uma ampliação criativa do espaço lógico que abstém de uma perspectiva de verdade absoluta. Ainda segundo Príscila, Fraser pondera que o pragmatismo precisaria admitir que nosso aparato institucional “organiza a produção social privilegiando o lucro privado” e “a divisão de trabalho por gênero, que separa a criação dos filhos do trabalho remunerado”.
Para mais informações sobre os Grupos de Trabalho e os títulos dos trabalhos apresentados, siga esse link do site da ANPOF: http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/2013-11-25-22-44-25/grupos-de-trabalho . Em breve a ANPOF publicará um livro virtual, com os trabalhos completos, fique atento!