Segunda-feira, 23 de fevereiro, indignados com as recentes mortes e tiroteios promovidos pela Força de Pacificação no conjunto de favelas da Maré, diversos moradores tomaram a Av. Brasil num ato histórico contra as forças de repressão do Estado. O ato, puxado por moradores via internet, não teve carros de som e nem lideranças. O ato começou pacificamente saindo da Vila do João na altura da passarela 6 da Brasil, mas logo que os manifestantes tomaram a avenida, a PMERJ usou spray de pimenta. A multidão foi obrigada a seguir pela Linha Amarela onde a polícia fez os primeiros disparos com armas de fogo. Já na altura do Pontilhão, dentro da favela, o Exército disparou com armamento letal contra os manifestantes e havia sangue no local. Muitos homens, na grande maioria jovens, partiram para uma ação de revolta contra as forças de pacificação utilizando pedras e paus, incendiando também carro e uma cabine da polícia. O confronto durou a noite toda com helicópteros sobrevoando a favela e bombardeios constantes de gás de pimenta.
No inicio de fevereiro cinco rapazes foram alvejados pela força de pacificação, um pedreiro foi assassinado por engano e uma kombi que fazia o transporte de passageiros Maré x Bonsucesso foi alvejada. No dia do ato, uma criança foi baleada também. A grande mídia insiste em dizer que o ato foi organizado por traficantes, desqualificando a insatisfação da própria população com a grande opressão que tem sofrido diariamente. Como diz uma frase bastante conhecida: “Não devemos confundir a reação do oprimido com a violência do opressor”.
A Maré foi ocupada pelo Exército desde 5 de abril de 2014 com a justificativa de garantir a segurança para o megaevento da Copa da Fifa no Brasil que ocorreu entre junho e julho do ano passado. No entanto, sua permanência foi prorrogada até junho de 2015. A implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi anunciada para abril deste ano.