Horácio. Fotos Marco Velasquez 2
Foto: Marco Velasquez

Espetáculo com argumento e direção de Carlos Gradim apresenta uma reflexão existencialista sobre escolhas, finitude e destino.

No jogo de espelhos que compõe o cenário de Horácio a pergunta “Quem é você?” ecoa o drama existencial que aflige o personagem central, vivido na peça por três atores ao mesmo tempo, em diferentes fases da vida. Com direção e argumento de Carlos Gradim, a montagem da Odeon Companhia Teatral – que estreou no dia 2 de julho e segue até 26 no teatro Poeirinha, em Botafogo – é uma reflexão sobre o quanto nos aprisionamos diante de certos acontecimentos da vida e como eles limitam a nossa existência. 

Com nome inspirado no filósofo romano, Horácio é um personagem multifacetado pelo tempo. Leonardo Fernandes dá vida ao jovem que sonha ser poeta, aos 23 anos. Aos 46, ele é um advogado distante de seu impulso inicial, interpretado por Alexandre Mofati. Já Geraldo Peninha é Horácio aos 72 anos, um homem maduro que olha para trás e consegue enxergar toda a sua história. Os três criam um diálogo absurdo em relação à sua existência. “Deparar-se com Horácio significa estranhar-se a si mesmo. Reconhecer-se novamente”, explica Gradim.

O espetáculo, com dramaturgia de Edmundo de Novaes, segue a linha de trabalho experimental presente na trajetória da Odeon, que transita entre clássicos, textos contemporâneos e criação própria. A inspiração para a peça surgiu a partir da leitura que Gradim fez de Homem Comum, de Philip Roth. O livro trata de temas centrais da existência humana, como desejos, arrependimentos, doenças, velhice e morte.

O texto da peça, árido e pouco linear, é completado com o olhar e com a experiência do público. A complexidade está em revelar o herói contido em cada um. “É uma tentativa de demonstrar que não devemos nos aprisionar na experiência de um trauma, de uma dor ou de uma perda. Pois, uma vez nessa prisão, deixamos passar as oportunidades de prazer e de alegria que a vida nos traz”, completa Gradim.

A instalação cenográfica de Niura Bellavinha, também responsável pelo figurino, apresenta um jogo de espelhos em que o público visualiza um novo olhar sobre sua imagem e os elementos que o cercam. O palco recebe ainda a iluminação criada por Telma Fernandes.

O Rio de Janeiro é a segunda cidade a receber o espetáculo. Em 2013, a montagem estreou em Belo Horizonte e foi indicada ao IPrêmio Copasa Sinparc de Artes Cênicas em quatro categorias: Diretor, Espetáculo, Iluminação e Ator. Geraldo Peninha levou o prêmio por sua interpretação.

Nesta quarta (22), após a sessão da peça Horácio, os atores Leonardo Fernandes, Geraldo Peninha e Alexandre Mofati, e o diretor Carlos Gradim recebem Alda Pessoa e Tarso Oliveira, alunos da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, para um debate sobre todo o trabalho envolvido na realização de uma peça. A ação, aberta ao público do espetáculo e aos alunos da escola, é uma parceria com o Movimento Martins sem Penna, que busca manter a escola em atividade.

O Teatro Poeirinha fica na Rua São João Batista, 104, Botafogo. O espetáculo acontece às quartas, quintas, sextas às 21h; sábados às 19h e 21h; domingo às 17h e 19h. R$ 50 (inteira). 50% de desconto no valor do ingresso para quem levar 1kg de alimento não perecível para doação. Classificação Etária: 12 anos. Até 26 de julho.

Horácio. Fotos Marco Velasquez
Foto: Marco Velasquez