Nossa sociedade, contemporaneamente, parece passar pelo “momento histórico dos flashs”: efemeridade, desapego ao processo histórico, respostas rápidas, fast-foods.
Os indivíduos especializaram-se, tornaram-se mestres na menor parte da molécula, especialistas em uma coisa só, técnicos da partícula -e só essa pequena parte lhes diz respeito.
As instituições(escolas, principalmente) tentaram preparar o sujeito para essa realidade social mercadológica e talvez até viessem cumprindo bem essa missão de formadores de mão de obra. A questão é que agora questionamos esse modelo; a questão é que agora questionamos tudo. Hoje todas as maneiras de pensar e de agir podem ser consideradas válidas. O relativismo que veio engatinhando pelo século XX, agora começa a caminhar de pé. As coisas não tem mais uma única explicação. Aos poucos nos livramos do progressismo judaico-cristão empenhado em explicar o mundo pela busca do bem. Lembro bem que a igreja católica fez atrocidades etnocêntricas em nome do bem. A busca do bem foi racionalizada pelo trabalho sistemático. Em busca da perfeição futura trabalhou-se repetitivamente. Na busca da perfeição futura, adoeceu-se. O trabalho, que era o privilégio, o benefício da ação humana sobre si e sobre o mundo, já não é mais um valor em si próprio. As instituições burocráticas –escola, igreja, senado federal, por exemplo- são mais resistentes às transformações do que as instituições culturais –tradição, ethos, modo de interpretar o mundo.
Isto seja: as escolas ainda devem demorar a perceber que o aluno contemporâneo precisa mais de perguntas do que respostas.
Mestre é o que ensina a arte de duvidar de si mesmo.
Ou não.
dudu pererê – poeta, cientista social e aluno(sempre!)