Com quase 70 mil moradores, favela cresceu 23% em número de habitantes na última década

Uma única favela carioca possui mais moradores que 92% dos municípios brasileiros, ou seja, 5.138 cidades, segundo dados do censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os 69.356 moradores da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, têm à sua disposição dentro da própria comunidade comércio variado, bancos e postos de saúde. Esses são alguns dos pontos positivos que explicam o crescimento de 23% em número de habitantes nos últimos dez anos, enquanto a cidade do Rio cresceu 7,9%.

Nascido e criado na favela, o fundador do portal Rocinha.org, Ocimar Santos, de 44 anos, afirma que existem até pessoas morando nos subsolos, já que o crescimento horizontal da comunidade foi limitado com muretas pela prefeitura.

– O aumento do número de habitantes da Rocinha é silencioso, pois a população cresce verticalmente, e não só para cima. Há pessoas morando no alto de lajes ou no subsolo, debaixo de pedra.

Santos diz ainda que o perfil do morador da Rocinha é difícil de definir, pois há pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e outras com condições para morar em qualquer bairro do Rio. Ele vê a favela como uma cidade popular, com internet gratuita, complexo esportivo, escola de samba e casa de show.

A coordenadora executiva da ONG (Organização Não-Governamental) Rio Como Vamos, Thereza Lobo, explica que uma das razões para o aumento populacional na comunidade é a sua localização.

– A Rocinha está em uma área de confluência de mercado de trabalho, de transporte e de lazer [praias e shoppings]. Às vezes, temos uma ideia velha do que é favela, pois ela também tem algo a oferecer para seus moradores e não apenas problemas.

O administrador regional da Rocinha, ligado à subprefeitura da zona sul, Jorge Collaro, conta que as famílias que moram na favela ainda recebem parentes de outros Estados, que vêm tentar a vida no Rio. Para ele, isso explica ainda mais o crescimento populacional na comunidade.

– A Rocinha é predominantemente nordestina, e cada morador vai trazendo aos poucos o resto da família. As gerações vão ficando e aumentando. As pessoas que estão em áreas de risco não querem sair para outra comunidade, até porque a maioria da mão de obra da Rocinha consegue trabalho no seu entorno.

O pesquisador Renato Balbim, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aponta que os investimentos públicos que valorizam a favela devem vir acompanhados de uma política de moradia.

– Os processos recentes de urbanização de certas favelas, como o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], aumentam o interesse por essas localidades beneficiadas. E cria-se, assim, outro problema: o risco de perder rapidamente as melhorias com a alta concentração de pessoas.

Problemas com o crescimento populacional

As mais de 13 mil pessoas que passaram a morar na Rocinha na última década agravaram problemas como ventilação, alargamento de vias e condições sanitárias. O coordenador Collaro afirma que as principais demandas da população local são a limpeza dos rios, a iluminação e o asfaltamento das ruas.

– A população não pode aumentar mais na Rocinha, pois, mesmo tendo 750 mil m², não há mais espaço.

A solução, para Balbim, depende da intervenção do poder público para construir habitações com preço acessível às pessoas que vivem em favelas, em uma localidade que não seja excluída do resto da cidade.

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Favela fica próxima à praia de São Conrado, na zona sul do Rio.
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…Uma única favela carioca possui mais moradores que 92% dos municípios brasileiros, ou seja, 5.138 cidades, segundo dados do censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os 69.356 moradores da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, têm à sua disposição dentro da própria comunidade comércio variado, bancos e postos de saúde. Esses são alguns dos pontos positivos que explicam o crescimento de 23% em número de habitantes nos últimos dez anos, enquanto a cidade do Rio cresceu 7,9%.

Nascido e criado na favela, o fundador do portal Rocinha.org, Ocimar Santos, de 44 anos, afirma que existem até pessoas morando nos subsolos, já que o crescimento horizontal da comunidade foi limitado com muretas pela prefeitura.

– O aumento do número de habitantes da Rocinha é silencioso, pois a população cresce verticalmente, e não só para cima. Há pessoas morando no alto de lajes ou no subsolo, debaixo de pedra.

Santos diz ainda que o perfil do morador da Rocinha é difícil de definir, pois há pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e outras com condições para morar em qualquer bairro do Rio. Ele vê a favela como uma cidade popular, com internet gratuita, complexo esportivo, escola de samba e casa de show.

A coordenadora executiva da ONG (Organização Não-Governamental) Rio Como Vamos, Thereza Lobo, explica que uma das razões para o aumento populacional na comunidade é a sua localização.

– A Rocinha está em uma área de confluência de mercado de trabalho, de transporte e de lazer [praias e shoppings]. Às vezes, temos uma ideia velha do que é favela, pois ela também tem algo a oferecer para seus moradores e não apenas problemas.

O administrador regional da Rocinha, ligado à subprefeitura da zona sul, Jorge Collaro, conta que as famílias que moram na favela ainda recebem parentes de outros Estados, que vêm tentar a vida no Rio. Para ele, isso explica ainda mais o crescimento populacional na comunidade.

– A Rocinha é predominantemente nordestina, e cada morador vai trazendo aos poucos o resto da família. As gerações vão ficando e aumentando. As pessoas que estão em áreas de risco não querem sair para outra comunidade, até porque a maioria da mão de obra da Rocinha consegue trabalho no seu entorno.

O pesquisador Renato Balbim, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aponta que os investimentos públicos que valorizam a favela devem vir acompanhados de uma política de moradia.

– Os processos recentes de urbanização de certas favelas, como o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], aumentam o interesse por essas localidades beneficiadas. E cria-se, assim, outro problema: o risco de perder rapidamente as melhorias com a alta concentração de pessoas.

Problemas com o crescimento populacional

As mais de 13 mil pessoas que passaram a morar na Rocinha na última década agravaram problemas como ventilação, alargamento de vias e condições sanitárias. O coordenador Collaro afirma que as principais demandas da população local são a limpeza dos rios, a iluminação e o asfaltamento das ruas.

– A população não pode aumentar mais na Rocinha, pois, mesmo tendo 750 mil m², não há mais espaço.

A solução, para Balbim, depende da intervenção do poder público para construir habitações com preço acessível às pessoas que vivem em favelas, em uma localidade que não seja excluída do resto da cidade.

À direita, na foto, o amontoado de casas contrasta com a piscina de uma casa na estrada da Gávea, que abriga inúmeras mansões (Foto: Agência O Dia)
Fonte R7.

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William da Rocinha
Quem sou eu William de Oliveira é Presidente Nacional e Estadual do Movimento Popular de Favelas e Ex-Presidente da União Pro Melhoramentos dos Moradores da Rocinha (PMMR), Vice Presidente do Forum de Turismo da Rocinha, Vice Presidente da Federação das Associações de Jacarepaguá, Barra, Recreio e Adjacências, Diretor Juridico, Relaçoes Pubilcas e Assessor de Imprensa da Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro, Membro do Conselho Comunitário de Segurança Publica da ISP 23, Membro dos Comites de Acompanhamento das obras do Pac, Membro da Camara Comunitaria da Rocinha e sou Morador da Rocinha ha 39 anos.