Os Jogos Olímpicos Rio 2016 consagraram a carreira da judoca Rafaela Silva. Nascida e criada na Cidade de Deus, favela da Zona Oeste do Rio de Janeiro, ela ganhou o ouro no judô após uma campanha impecável. A jornada para essa conquista, no entanto, começou muito antes, aos 8 anos, quando Rafaela entrou para o Instituto Reação. Hoje, ela é uma inspiração para crianças e jovens da sede do projeto na CDD.
Criado pelo também medalhista olímpico Flávio Canto, o Instituto Reação busca promover o desenvolvimento de jovens e adolescentes de comunidades carentes por meio da educação e do esporte. Cinco polos funcionam no Rio de janeiro: Rocinha, Tubiacanga, Pequena Cruzada, Deodoro e Cidade de Deus. Foi neste último que a hoje campeã olímpica desenvolveu o talento e a aptidão para o esporte e, aos 15 anos de idade, já estava na seleção brasileira. “Desde o primeiro momento, vi que tinha um diamante que precisava ser lapidado. Eu disse que um dia colocaria ela na seleção brasileira”, conta Geraldo Bernardes, treinador de Rafaela no início de carreira e coordenador do projeto.
Se antes da medalha de ouro no Rio 2016 a judoca já era exemplo de superação e perseverança, hoje, Rafaela tornou-se uma referência para os alunos do instituto. Crianças e adolescentes que têm uma história de vida parecida com a dela sonham alto. É o caso do Matheus Guimarães, 11 anos, também morador da Cidade de Deus, que começou a treinar há três anos e não pretende parar. “Espero sair daqui do tatame para conquistar um grande número de medalhas no futuro. E quero treinar cada vez mais para chegar lá”, afirma.
Mais que incentivar esses jovens aos títulos, o Instituto Reação busca desenvolver uma geração embasada em valores positivos como ferramenta de transformação para uma sociedade melhor. Guilherme Luna, professor de judô desde 2014 e membro do projeto, diz que o esporte é muito importante no desenvolvimento social dos jovens: “Através do judô, eles adquirem valores, perspectiva de vida, respeito. É uma forma de mostrar novos caminhos.”
Publicado na edição de Setembro de 2016 do Jornal A Voz da Favela.