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Com a proximidade das eleições municipais em 02 de outubro, os eleitores escolhem em breve os prefeitos e vereadores que vão compor a cena política da sua região pelos próximos 4 anos. Na cidade do Rio de Janeiro, são 11 candidatos a prefeito e 1.614 candidatos para as 51 vagas ofertadas na Câmara Municipal dos Vereadores para o próximo mandato. Os vereadores interferem diretamente na vida do cidadão carioca. Cabe a eles elaborar, discutir e votar as leis da cidade, ou seja, tudo que envolve impostos municipais, o Ensino Fundamental de crianças e adolescentes nas escolas da prefeitura, linhas de ônibus, saneamento, entre outros temas. A Voz da Favela abre espaço para conhecer as propostas de alguns dos principais candidatos a um cargo no legislativo do município que são crias de diversas favelas do Rio e entender de que maneira pretendem trazer melhorias para suas comunidades.
Binho Cultura (PDT) – Vila Aliança (Zona Oeste)
Fundador da primeira biblioteca comunitária da Vila Aliança, a Quilombo dos Poetas, Binho Cultura é escritor e agente de cultura. Fundou o Centro Cultural A História Que Eu Conto e promoveu a construção de uma Nave do Conhecimento, centro de educação e tecnologia da Prefeitura. Suas propostas passam pelos temas da acessibilidade, direitos da mulher, LGBT, juventude, empreendedorismo e liberdade religiosa:
“Destaco o combate ao extermínio da juventude – de nós, moradores de favelas. O meu compromisso é gerar oportunidades. Ao longo desses últimos anos, eu venho criando espaços culturais e de qualificação para democratizar o acesso ao conhecimento. Os jovens que têm mais oportunidades, mesmo em ambientes com grande risco social, tendem a ter um futuro promissor a partir do momento em que participam dessas ações.”
Bruno Topete (PR) – Vigário Geral (Zona Norte)
Nascido e criado na favela de Vigário Geral, Bruno Topete alega ter se tornado candidato a vereador devido às más experiências vividas com a política em anos anteriores. Agora, ele quer representar melhor a sua comunidade na vida pública, e suas principais propostas passam pela educação e pela distribuição de oportunidades no município:
“Vou lutar por uma educação mais digna para nossas crianças e pela valorização dos professores. Vou incentivar uma maior participação dos pais e responsáveis na escola. Paralelo a isso, quero incluir cursos de capacitação profissional na grade de ensino para que os alunos e toda a comunidade escolar, incluindo pais, parentes de alunos e moradores adjacentes, possam desde cedo se preparar para o mercado de trabalho.”
Marielle Franco (PSOL) – Maré (Zona Norte)
Cria da favela da Maré, Marielle Franco é socióloga e coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Alerj. Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brazil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). As propostas da candidata priorizam a defesa dos direitos das mulheres, pré-vestibular comunitário e a cultura da favela através da ocupação do espaço público nas comunidades.
“Uma questão fundamental para as mulheres de favela é o debate sobre as creches municipais, que tanto pauta o direto da educação das crianças como o direito da família de viabilizar sua relação no trabalho. Meu objetivo é gerar mais vagas em horário integral para que os responsáveis possam cumprir sua jornada de trabalho e familiar com segurança.”
Rosiete Marinho (PTN) – Morro da Providência (Centro)
Líder comunitária da área da mais antiga favela do Rio, o Morro da Providência, Rosiete Marinho defende pautas da educação e investimento no ensino profissionalizante como forma de incentivar os empresários que se instalam na região a contratar os moradores locais:
“Estamos colocando a cara e a coragem para fazer o melhor nesta votação. Pela primeira vez, temos um candidato que realmente conhece os problemas da Zona Portuária.”
Vivi CDD (PCdoB) – Cidade de Deus (Zona Oeste)
Formada em Ciências Sociais pela PUC-Rio, Vivi Salles ficou muito conhecida pela participação no quadro “Parceiro do RJ”, do telejornal local RJTV (TV Globo). Participou da criação de diversas frentes de cultura na sua região, como o Poesia de Esquina, e liderou o movimento contra a violência #BotaCaraCDD. Suas propostas tratam do fim do extermínio da juventude negra da periferia, atividades culturais nas escolas nos finais de semana, transporte público 24 horas por dia e investimentos em projetos esportivos nas favelas:
“A questão é ocupar espaço na política e fazer com que a favela seja representada. Acho que precisamos fazer a luta pela defesa de melhorias pela educação, saúde, projetos de cultura e esporte para periferias e favelas. A minha base é a Cidade de Deus, mas o vereador trabalha para toda cidade. Minha ênfase será na juventude, nos fazedores de cultura e nas favelas.”
William da Rocinha (Rede) – Rocinha
William de Oliveira foi presidente da Associação de Moradores entre 2003 e 2007. Articulou para que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) chegassem à região e colocou no ar a primeira rádio FM da Rocinha. Suas propostas de lei visam a ocupação do solo urbano e fiscalização de hospitais, postos de saúde e escolas, além de determinar as regras para a concessão dos serviços públicos municipais:
“Eu quero também dar prioridade ao saneamento, porque a gente entende que parte das maiores mazelas da Rocinha, por exemplo, vem da falta de investimentos nessa área. Além disso, quero fortalecer o empreendedorismo local e os agentes culturais, além de melhorar a situação da educação municipal, creches, reforço escolar e defesa do ensino integral.”
E o que querem os moradores da periferia?
A Voz da Favela colheu depoimentos sobre o que pensam os eleitores de favelas e bairros da periferia do Rio. Veja alguns deles:
“Eu espero escolas com professores dedicados, para que os nossos filhos consigam uma profissão ou até ingressar em uma faculdade do governo. As escolas da Vila Cruzeiro estão deixando muito a desejar.”
Eliane Gentil, moradora da Vila Cruzeiro
“Eu não voto há muito tempo, eu justifico, pois sou de outro município. Atualmente, não conheço nenhum candidato de confiança para ocupar nenhum cargo público.”
Fabrício de Oliveira, mais conhecido como DJ Gringo, morador de São Gonçalo
“Espero que minha candidata possa promover mais projetos voltados à integridade feminina e pelo nosso direito de ir e vir, além de educação de qualidade para as crianças.”
Célia Cristina, moradora de Campo Grande
“Eu, sinceramente, não espero nada dos candidatos, pois não acredito mais em Papai Noel.”
Shirley da Silva, moradora do Morro do Fumacê
Colaborou Rejane Neves
Publicado na edição de Setembro de 2016 do Jornal A Voz da Favela.