O número de manifestantes estava na casa dos milhares, com certeza: a avenida Rio Branco foi totalmente fechada na noite desta segunda (24), durante mais uma manifestação contra a PEC 241 no Centro do Rio de Janeiro. A concentração foi na Praça da Igreja da Candelária. O carro de som que servia de palanque para as bandeiras de entidades partidárias e sindicalistas seguia na frente. Estudantes de diferentes partes do Estado do Rio, universitários e secundaristas faziam muito barulho rufando tambores e entoando gritos de guerra contra o governo Temer. Os indígenas da Aldeia Maracanã também estiveram presentes na manifestação contra a chamada PEC do Fim do Mundo.
Mais uma vez, não foi possível esquecer da presença da PM e suas viaturas, micro-ônibus e homens com porretes, vestidos com verdadeiras armaduras pretas. Diferente da manifestação da segunda-feira passada (17), quando houve embate com a Polícia, os manifestantes seguiram quase pacificamente. Houve apenas um rápido tumulto, ainda na Avenida Rio Branco, quando os próprios manifestantes se desentenderam entre si devido à presença de anarcopunks e estudantes secundaristas que tentaram se colocar à frente do carro de som. Enquanto a PM chegava com armas em punho, alguém pedia calma, mas não houve tempo de acontecer nenhum confronto.
Apesar disso, a praça ficou segmentada: o trio elétrico, com maior concentração de bandeiras partidárias e sindicalistas, ficou estacionado na Rua Araújo Porto Alegre, com manifestantes ocupando a entrada do Theatro Municipal e parte da Cinelândia. Os ânimos seguiram acirrados internamente: os anarcopunks seguiram acusando outros manifestantes de endossar a ação da PM, aos gritos de “Esquerda Facista”.
As escadas da Câmara Municipal foram ocupadas com muito barulho, cartazes e performances artísticas contrárias à PEC 241. As pichações no dia 17 já haviam sido limpas e ninguém se atreveu a redecorar as paredes do prédio. Ao término, os indígenas da Aldeia Maracanã entoaram cantos sob o som dos chocalhos. Eles acenderam a chama que faltava na noite vazia.