Nos últimos dias, ouvimos relatos de pessoas de favelas de diversas regiões do Rio de Janeiro sobre a guerra da polícia com o tráfico. A impressão que temos, ao saber de tantos relatos sem que nenhuma autoridade se posicione, é a de que estamos sem controle algum na área de segurança. Aliás, alguém sabe quem é o novo secretário, que substituiu José Mariano Beltrame? Alguém sabe o que pensa ou o que ele pretende fazer para mudar a situação tensa que estamos vivendo? E o governador? Alguém viu ele falando por aí sobre a guerra que estamos vivendo nas favelas?
Só para que possam entender a situação vivida pelos moradores das favelas: esta semana, a Cidade Alta foi tomada por traficantes rivais. Alguns moradores afirmam que a própria polícia teria apoiado a invasão da facção rival que dominou a favela. História parecida já foi relatada em outras favelas e em outros momentos da história de nossa cidade. Os moradores viveram dias de terror sem que ninguém tomasse conhecimento ou sem que a própria imprensa ou autoridades falassem absolutamente nada.
No Complexo do Alemão, a situação está tensa. Ontem, recebi amigos de Belo Horizonte em minha casa que disseram que não puderam visitar nosso parceiro Raull Santiago porque “o clima estava tenso”. O pior? O clima está sempre tenso por lá, não muda nunca. Na Maré, a bala come o tempo todo também. Não tem hora nem lugar. A falta de escrúpulo, às vezes, é tão grande que a polícia entra na favela até em horário de saída das crianças das escolas.
E a Cidade de Deus? Ontem, estava marcado o evento de comemoração dos cinco anos de um dos grupos mais conhecidos na cena da poesia carioca, o Poesia de Esquina, que precisou ser adiado pela falta de segurança. A violência perpetrada pelo Estado na CDD, que ficou em operação policial durante todo o dia, impediu mais uma vez que um evento cultural pudesse acontecer (e mal sabem esses gestores públicos que o investimento na cultura traz mais paz que o investimento em armas). A conclusão de um dia de tiroteios intensos na CDD? Um helicóptero caiu levando quatro policiais, servidores da segurança, a óbito. Algumas horas depois, no Jornal Nacional, ainda não se tinha informações se a aeronave havia sido abatida pelos traficantes. E as autoridades? E o secretário de segurança? E o governador? Nada! Não falam nada, infelizmente. É o completo desgoverno de um Estado falido.