A função principal da democracia é evitar exatamente isso que está acontecendo: um governo absolutamente sem empatia com os cidadãos de sua terra. Sem empatia, sem comunicação, sem verdade nos olhos de cada um de seus representantes. Parecem extraterrestres acuados, exibindo suas maquinas de persuasão, mas também conscientes, ou subconscientes de sua irrepresentatividade.
Trata-se de um governo para envergonhar todos que dele participam, porque é também um governo hipócrita. É um governo formado a partir da traição, da mentira, do apoio vergonhoso da velha mídia de sempre, golpista desde a origem e criada para o populismo platinado das novelas ficcionais e pseudo-jornalísticas. Este jornalismo deformado, pervertido, pura propaganda de modulação fascista, antipopular e cuja interpretação arrogante da história ao vivo será engolido pelo desenrolar dos fatos. Saberão eles, essa casta de colunistas, telejornalistas e gestores de mídia, em breve, que também estão absolutamente desconectados com as vivas forças criativas de todo o nosso imenso país – com a percepção dos seres vivos que constituirão a futura arte, a futura história, a futura construção cultural coletiva que marcará, junto à memória coletiva das gerações futuras, todos os arraigados significados dos momentos históricos que presenciamos.
É um governo estranho, que já foi desmascarado, desnudo, flagrado e exposto, mas que permanece lá, no usurpado trono. Incrivelmente, alguns deles são advogados – advogados com gestos de mordomo e almas de contraventores dos mais traiçoeiros. Advogados cínicos, coordenando a mais estapafúrdia parodia de legalidade da história recente.
O futuro e as pessoas do futuro dirão: foi golpe e foi feio, foi medonho, foi rancoroso, foi destrutivo de valores preciosos da vida social. Foi retrocesso, repressão e fascismo. Mas isso será superado. Existem leis atrás das leis e sentenças escondidas nas sentenças que atingem justamente os carrascos, que o futuro guilhotinará.
O governo Temer é insustentável. Essa agonia que sentimos se acumula e é dolorosa, porque o estrago da guerra política é grande e sangrento. O tempo é rei e, neste caso, é o desencadear lento, mas profuso, da massa de percepções acuadas, das posturas acuadas, das éticas acuadas sob esta pesada cortina narrativa. Este governo vai cair, mais cedo ou mais tarde. Historicamente, todo golpista será castigado.
Paciência, força e coragem, meu povo, para atravessarmos as 7 pragas do golpismo. Nossa era, acreditem, é medonhamente promissora, e estas dores todas são as necessárias dores do parto do inadiável novo.