Se olharmos para o horizonte vamos perceber que não avistaremos o seu fim. Assim é o olhar perpétuo dos agentes policiais sobro povo negro, favelado e pobre. Tudo começou com os Capitães – do – Mato, do Rei D. João VI, em I808, quando ele covardemente fugiu para o Brasil, com mêdo de Napoleão. Chegou aqui com todo o ouro que os seus ancestrais já haviam roubado do Brasil. Preocupado com a sua segurança, tratou de fundar a polícia. Só que ele se utizou desses grupos de jagunços mercenários, cruéis, corruptos, assassinos frios e torturadores de escravos, como alicerce da sua polícia. Esta, jamais modificou o seu perfil. Ela periódicamente só muda de nome. Alguns exemplos: Guarda Municipal, Guarda Noturno, Cosme e Damião ( aquela dupla que se dizia comunitária), GPAES ( Grupamento de Policiamento Para Áreas Especias ) especiais aí, entendem-se como favelas. Este último inclusive, foi o primeiro protótipo de UPP.
Perdemos as contas de quantas pessoas teriam sido mortas pela polícia nas favelas. Nas senzalas ( primeiro formato de favelas no Brasil ) que foram porões das Casas-Grande, os negros eram torturados e mortos. O Estado naquele período, também já banalisava qualquer morte de negros. Afinal, eram só escravos.
Agora com a morte de André de Lima Cardoso Ferreira, na favela do Pavão Pavãozinho o mesmo olhar de um horizonte perdido. As favelas são continuidades das senzalas e quilombos, é por isso que os moradores são tratados com indiferenças. Afinal, são apenas negros, pobres e favelados. Ele “só tinha 19 anos e uma esposa grávida com quase 9 meses”.
O olhar do Estado hoje é igualzinho ao olhar de ontem. O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho em entrevista ao G1 em 24/10/07, propôs a legalização do aborto como forma de conter a violência no Rio: ” Tem tudo a ver com violência. Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodriguo de Freitas, Tijuca, Meier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na rocinha. É padrão Zambia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal” , declarou.
O ex Secretário Nacional de Segurança – Luiz Eduardo Soares, chamou de Kit-Crime os objetos encontrados com os mortos levados pelos policiais. Isto porque, a maioria dos mortos chegavam com tiros nas costas e nas cabeças. Nas delegacias nos boletins confeccionados se lia, Auto- de -Resistência. Afinal, eram só favelados.
O que fica para as famílias dos mortos em favelas, são dores e indignações porque, além da perda do ente querido, ainda lhes atribuem os títulos de marginais, traficantes, bandidos e outros “atributos” quaisquer.
Ouro fator negativo, é a mídia oficial, esta não cumpre o seu dever de trabalhar isenta e com ética ouvindo e noticiando os lados. A versão da polícia é sempre positiva, enquanto que nas dos familiares, sobram negatividades. A visibilidade da morte do jovem André, só foi possível porque a Agência de Notícias das Favelas, foi até ao local, visitou a sua família e consultou as lideranças. Publicou em seu site e logo, logo surgiram os oportunistas de plantão a serviço da grande mídia, as quais publicaram como sempre fazem, com conotação negativa para as vítimas faveladas.
O olhar de horizonte perdido, vai continuar focado nas “minorias” por este governo excludente e com aspecto de fascista, isto porque, ele vem recheado de hipocrisia. Com um bom olhar de expectador atento, observe as fotos que ilustram este artigo. Foram tiradas hoje. A primeira foto anuncia que o governo está presente ali ( Jacarezinho ), as outras mostram duas quadras esportivas abandonadas, na sequência, crianças que brincam de futebol no pátio da escola que fica colada as quadras abandonadas. Outras crianças perambulando sem o que fazer e o pior, bem ao lado dos craqueiros que fazem do muro desta escola a sua parede como moradia. Inusitadamente surge a minha querida Maria, mais uma coitada, usuária de crak que pede para posar para uma fota oficial do artigo. Triste Maria, afinal, é apenas mais uma Maria mulher negra e favelada.
Rumba Gabriel