Prefeito, queremos mais!

Escadaria do Morro da Providência, um dos principais pontos da favela (Créditos: Luis Prado)

Tivemos conhecimento essa semana de que o prefeito Marcelo Crivella visitou o Morro da Providência – visita esta que os moradores mais souberam pelas notícias divulgadas pelos meios de comunicação do que por, de fato, tê-lo visto por aqui.

Dois meses após sua posse, nós, moradores do Morro da Providência, ficamos ansiosos para saber qual seria a atitude do prefeito frente ao Teleférico, por exemplo, que está parado há três meses. Inaugurado na gestão Paes, o Teleférico da Providência funcionava das 7h às 19h durante a semana, de 8h às 14h aos sábados e não abria aos domingos. Havia a promessa de estender o horário de funcionamento nos dias úteis, o que nunca aconteceu.

Muitos dos iludidos que deram seus votos a Crivella acreditaram, pouco depois do resultado das eleições, que alguma coisa positiva iria acontecer com relação a este meio de transporte importante para a favela. Pois bem, boatos davam conta de que o novo prefeito iria tomar a frente tanto do Teleférico quanto da Biblioteca Parque, localizada bem próxima ao morro, na Avenida Presidente Vargas. Até o momento, a promessa também ainda não se concretizou.

Segundo as notícias veiculadas na grande mídia, Crivella anunciou durante sua visita a prioridade para a organização das fiações elétricas da Providência, e ouviu da associação de moradores o pedido pela retomada do programa de habitação popular Cimento Social na comunidade. A questão é que este projeto do passado atendeu, no entendimento de muitos por aqui, a pouquíssimos moradores. O Cimento Social também foi muito criticado inclusive pelas pessoas que participaram do projeto.

Com todo esse retrospecto, fica o questionamento: e o esgoto a céu aberto? E o lixo que se amontoa pela favela? E o pavimento das ladeiras, escadas e vielas, que estão em estado deplorável em vários pontos do morro? E as atividade de lazer? E, por fim: e o Teleférico? Por que seguir ignorando uma obra que custou milhões aos cofres públicos? A omissão de Crivella só demonstra o quanto ele compactua com o descaso frente a este caríssimo meio de transporte, que se tornou tão importante para os moradores e as pessoas que ali trabalhavam – e que estão há meses sem emprego. Focar somente no Cimento Social e na fiação também mostra que o prefeito pouco entende do território que visitou. Mais importante do que a fala da associação de moradores era convocar todos os moradores para expor suas necessidades. Isso se chama democracia participativa.

Por fim, ressalto que as iniciativas anunciadas pelo prefeito Crivella nesta visita só podem ser significativas se vierem acompanhadas de todas as outras demandas. Não é só de cimento e fiação que se vive numa favela. Queremos mais. É o nosso direito depois de um século de abandono.