O audiovisual é uma ferramenta fundamental para expressão artística, cultural e social que pode ser acessada em qualquer canto do mundo e por diversas pessoas ao mesmo tempo. Com todo esse poder nas mãos, o Cinemaneiro chega a sua 16ª edição com aulas práticas e teóricas no mundo da Sétima Arte. Em 2017, a iniciativa oferece formação no Complexo da Maré, Cidade de Deus e Del Castilho.
Desde 2002, o Cinemaneiro realiza cursos de audiovisual para moradores de favelas e bairros das Zonas Norte e Oeste do Rio. O projeto foi criado há 15 anos pelas mãos dos então jovens cineastas Frederico Cardoso, Lucas Margutti e Viviane Ayres. “Havia uma escassez de oportunidades nas favelas. Queríamos oferecer o projeto para quem, de outra forma, seria muito difícil obter essa vivência. Hoje, vemos a cultura da favela, a identidade, os movimentos populares fortalecidos e vibrantes. É maravilhoso”, explica a coidealizadora Viviane Ayres.
O Cinemaneiro já passou por 18 comunidades, atendendo mais de 1.000 pessoas. Os alunos recebem aulas de roteiro, produção, câmera, captação de som direto, edição e direção audiovisual para atender um público que está cada vez mais conectado às novidades e exigente. “Quando começamos, o panorama tecnológico era outro. Agora, o jovem não é mais espectador de TV. Utiliza o computador ou o celular, por exemplo, para se informar, se entreter e produzir seu próprio conteúdo”, pontua Viviane.
Em 2017, 90 jovens e adultos a partir dos 13 anos participam de oficinas no Complexo da Maré, na Cidade de Deus e em Del Castilho. O curso possui 54 horas de carga horária. As aulas são gratuitas, realizadas pela Associação Cidadela – Arte, Cultura e Cidadania, através de Lei Municipal de Incentivo do Rio de Janeiro, com patrocínio da Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela. Ao final de cada edição, as produções dos alunos são exibidas nas comunidades. Mais de 10 mil pessoas já assistiram às sessões do Cinemaneiro.
O ator e ex-aluno Christian Santos, 27, chegou ao curso 14 anos atrás. Para ele, o projeto o ajudou a trabalhar a sua criatividade e a ter um senso crítico em relação ao mundo, enxergando novas possibilidades e oportunidades:
– Você está na sua comunidade cercado por cultura, tráfico, família, gravidez na adolescência. Então, chega um projeto que te dá as ferramentas para filmar esse seu mundo particular sob sua perspectiva e faz pensar em como você mesmo quer retratar a sua realidade, seja ela real ou só fantasia. Isso não tem preço – afirma o morador da Vila Pinheiro.
Publicado na edição de maio de 2017 do Jornal A Voz da Favela.