Não há nada de novo em dizer o feminismo não é o assunto preferido da maioria da população brasileira. Mas o que talvez poucos tenham se dado conta até agora é que a igualdade de gêneros pode ser fundamental para a economia mundial. O estudo Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências para Mulheres 2017, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), foi publicado no último 14 de junho e trouxe as tendências/incongruências do mercado de trabalho global e por regiões. Abrangeu as taxas de participação na força de trabalho, desemprego, segregação setorial e ocupacional entre outros. A primeira conclusão do estudo foi observar que existem lacunas estruturais e de gênero no mercado de trabalho, e que o PIB só tenderia a aumentar caso fossem preenchidas.
Sim, homens e mulheres equiparados nos salários e nas condições de emprego é algo que faz bem pro capitalismo. O estudo veio em boa hora, já que ainda não digerimos o fato de que Gal Gadot, que interpreta a Mulher Maravilha no filme homônimo, ter recebido “apenas” US$ 300 mil, enquanto o cachê de outros heróis masculinos giram em torno de US$ 14 milhões. De acordo com a OIT, a desigualdade de gênero continua a ser um dos desafios mais urgentes que o mundo do trabalho enfrenta. Em 2017, a taxa de desemprego para as mulheres foi de 6,2%, contra 5,5%, dos homens. As mulheres são substancialmente menos propensas do que os homens a participar do mercado de trabalho por conta de gravidez, filhos, aposentadoria antecipada e preconceito. Quando adentram no mercado, a chance de conseguir e se manter no emprego é pequena – isso sem sequer entrar no mérito da qualidade dessa ocupação.
Caso diminuíssem as diferenças entre homens e mulheres, o PIB brasileiro já aumentaria 3,3%, elevando significativamente as receitas tributárias. Segundo o relatório da OIT, se essa lacuna seja reduzida em 25%, US$ 5,8 trilhões seriam injetados na economia de todo o mundo.
Reconhecer as diferenças para transformar as instituições é o ataque certeiro para prevenir o preconceito de gênero em todos os grupos de trabalho. No mundo corporativo, são tímidas as ações que objetivam promover a equidade. Empresas jovens já oferecem consultorias eficientes para mudar o pensamento machista que permeia essas relações. Mal sabem (quase) todos que o machismo no meio corporativo pode ser kriptonita para o mundo dos negócios.