Paz, liberdade e segurança são alguns dos temas que viraram desenhos de crianças e jovens que conviveram com o medo e a violência durante décadas. O antes e o depois da chegada de Unidades de Polícia Pacificadora em comunidades como o Borel, Zona Norte, Providência, Centro, Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Zona Sul, foram retratados através da arte e ganharam destaque nas sedes das UPPs. A propósito, afirmou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame: “os jovens irão dar continuidade ao processo de pacificação nas comunidades. Serão os geradores dessa consciência. A juventude é o público mais próximo desse divisor de águas, que é a UPP. Eles captam a diferença de como eram e como estão suas comunidades depois da ocupação do Estado. Com as unidades de polícia, as crianças têm novas perspectivas”.

De um lado, armas, tiroteios, assaltos, drogas, morte e escuridão. Do outro, céu azul, sol, crianças brincando, policiais interagindo com a comunidade e cor. Assim são o ontem e o hoje do Morro do Borel contados por Bruno Matheus da Silva, de 10 anos, e Jhullian Alves Gomes, de 8. Nascidos em uma das comunidades mais violentas da Tijuca, pacificada há pouco mais de um ano, eles mostraram no papel como enxergam sua nova comunidade. Disse Bruno: “em meu desenho, eu mostro o que vivi e o que os meus amigos, meus pais e meus irmãos me contavam. Via gente fumando, vendendo drogas, roubando e matando. Com a UPP, brincamos livremente. Fiquei muito feliz quando a polícia entrou na comunidade”. Jhullian declarou: “coloquei no desenho uma família que precisava se esconder quando havia tiroteio, o que era muito comum. Tinha sempre pessoas correndo e até morrendo. Era muito assustador. Hoje tudo mudou: no cemitério, por exemplo, agora tem árvores. Não tem mais mortes. Acho que vai melhorar ainda mais”.

No Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, a Unidade de Polícia Pacificadora está mudando a vida de cerca de 10 mil moradores desde dezembro de 2009. Hoje, crianças como Thiago Armando, 11 anos, e Kleberton da Silva, de 9, têm a chance de crescer em um novo cenário. Para eles, a paz veio em forma de liberdade e melhoria de vida. Lembrou Thiago: “muitas pessoas morriam na comunidade. Depois que os policiais chegaram, os bandidos foram para a cadeia. No meu desenho, relembro as mulheres e os homens assassinados. Lembro muito bem dos dias em que meu coração disparava de medo. Estou tranquilo porque sei que os traficantes não voltarão”. Revelou Kleberton: “os bandidos estavam sempre com suas metralhadoras, vendendo drogas, e eu e meus amigos não podíamos nos divertir muito. Era muito tiroteio. Quando a UPP foi instalada, comecei a fazer futsal e quero muito ser um bom jogador, é o meu sonho”.

Aos 11 e 10 anos de idade, Wallace Xavier e Yasmin Cristina da Costa, nunca tiveram tanto lazer e paz. Eles cresceram na primeira comunidade do Brasil, o morro da Providência, que recebeu uma UPP em abril do ano passado. O fim da violência mudou a realidade das crianças e dos outros 10 mil moradores do morro, além das cerca de 600 mil pessoas que circulam pela região da Central do Brasil. Wallace também foi direto: “os traficantes estavam sempre armados e vendendo drogas. Não podíamos jogar futebol na quadra da comunidade porque os traficantes estavam sempre por lá. Hoje, a quadra fica cheia e posso jogar com meus amigos e meus irmãos. Somos mais felizes”. Por fim, contou Yasmin: “ouvia muito tiroteio e via pessoas assustadas nas ruas. Eu nem podia brincar com segurança na comunidade. Agora passo a maioria do meu tempo livre na sede da UPP, onde tem biblioteca, computadores, atividades de lazer como jiu-jítsu e oficina de artes”.

(Com Marcelle Colbert/Subsecretaria de Comunicação Social)