O caos se instalou no Rio de Janeiro e em todo o país. Não me espanta que a classe que mais sofre seja aquela que está na base – a classe trabalhadora assalariada. A base da economia e a que mais gera dinheiro no Brasil está à mercê de conflitos diários. Conflitos pessoais e territoriais que refletem não apenas nas relações com laços íntimos, mas inevitavelmente no círculo profissional.
Durante um longo período, eu me estressava ao sair de casa e ao chegar. Três horas de trânsito, mais a carga de trabalho, mais três horas de volta pra casa. O caminho Duque de Caxias-Barra da Tijuca era percorrido com picos de mau humor e, não em raras ocasiões, sob barulho de tiros e balas cruzadas na Linha Amarela. Sempre questionei, mas ninguém estava preocupado com a minha saúde emocional ou psicológica. As empresas não conseguiam acompanhar, entender e resolver os reflexos que essa maratona causava em toda a equipe.
Definitivamente, o mercado de trabalho não estava, e ainda não está, preparado para atender a parcela humana de um negócio. A baixa produtividade, na maioria dos casos, é a consequência do estresse, depressão, conflitos e coquetéis de tarja-preta com litros de café.
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego do Brasil aumentou de 10,9% no primeiro trimestre de 2016 para 13,7% no mesmo período deste ano. Embora a pesquisa seja atrelada à crise financeira do país, podemos concluir que funcionários com baixa autoestima e saúde emocional fragilizada produzem menos e consequentemente perdem espaço no mercado de trabalho.
A saúde tanto física quanto emocional é afetada diretamente quando esses profissionais convivem com o pânico de nunca a saber a que horas voltam para suas casas (ou mesmo se conseguem voltar).
Em tempos de caos e crise, é preciso estar atento ao ser humano. Essa é a chave em meio a destruição. Estimular pessoas a entender e lidar com seus medos, principalmente da classe que vive em territórios de confronto e que é a base corporativa, significa aumentar a produtividade dentro de qualquer negócio.