Por Carlos Silva e Marco Araújo
A pelada é o lugar do encontro entre gerações. É o momento em que valores se comutam na prática do lazer, confraternização e também da solidariedade entre os grupos, de maneira a atenuar a semana dura de trabalho. Mas você sabe como nasceu a pelada, clássico dos campinhos de futebol das favelas do Rio e do resto do país?
O termo “pelada” – que nada tem a ver com nudez feminina – vem de “pela”, referência à bola de borracha, ao jogo na rua com os pés descalços, com regras livres, em campo de várzea, muitas das vezes de terra batida ou careca. Assim faziam os operários da fábrica inglesa de Bangu, Zona Oeste do Rio, que nos intervalos do trabalho e nos finais de semana se juntavam para uma peleja futebolística.
Segundo pesquisas recentes, não foi o paulista Charles Müller (1874-1953), considerado o “pai” do futebol no Brasil, quem iniciou esta prática esportiva entre nós. Quem, de fato, trouxe a modalidade para terras brasileiras foi o trabalhador escocês Thomas Donohoe (1863-1925). A primeira partida de futebol foi organizada por ele e disputada por operários em 1894, nas proximidades da Fábrica Bangu. No antigo prédio, funciona hoje o Bangu Shopping, que traz em seu pátio uma estátua em homenagem ao pioneiro.
Apesar das constantes tentativas de elitização do esporte, o futebol mantém a tradição de lazer coletivo, principalmente nas periferias do Brasil. Assim é a origem dele por aqui: operário e agregador. É entorno da pelota que, durante o ano, se reúnem grupos de times nas periferias cariocas para celebrar e confraternizar alegrias, tristezas e vitórias.