Ano que vem não é ano que vem.
Ano que vem é mais uma mordida que o retrocesso dará em nosso futuro, que já era cambaleante.
2018 vai ser tipo 1968. E 1968 em Brasilia, não em Paris. Irão proliferar os Atos Institucionais pós-modernos e nossos direitos seguirão desfeitos e escrotizados.
Ano que vem é a acentuação do retrocesso.
A não ser que… A gente embruteça o jogo.
Precisaríamos de uma revolta cirurgicamente simbólica e brutal.
Uma revolta que eleve uma contra-força diante da força opressora do carrasco antigo e ativo.
Uma revolta que brote do senso popular de justiça. Uma ação-lição, um novo formato de revolta que acue os gângsters do coração da república e faça murchar os fascistas infláveis.
Sonhamos revoltas, mas a mesmice segue sendo a força-rainha de nossa vida nacional.
Saberemos fazer diferente?
Todo ano é uma incógnita. Todo réveillon faz brotar profetas.
Nunca um povo tão dividido se lascou tão unido.
Um ano nunca acaba. Nenhum ano jamais acabou..
Os anos vão se acumulando, formando camadas, que coexistem…
O tempo é uma lasanha de épocas. Os “quandos” se embaralham e convivem.
Somos medievais e futuristas, neandertais e ciborgues, pré-históricos e pós-verdadeiros.
Progresso é o caô universalizante de avanços egoístas e invisibilização do outro.
Saio deste ano com a mesma felicidade de quem sai de um grupo de Whatsapp!
Não temos mais futuro, caminhamos em direção a retrospectivas de horrendas perspectivas históricas.
Vamos ter que nos desprender dos anos. Anos são sacolas minúsculas onde não caberão as transformações bojudas que necessitamos. Precisamos sonhar décadas, sonhar séculos futuros de reinvenção, mutação de valores e ousadia social.
2018 vai ser do jeito que a gente fizer por merecer.