Há um tempo, recebi uma notificação no Instagram que avisava: “Você foi marcada em uma publicação”. Eu não seria capaz de exprimir aqui a minha falta de paciência em marcações aleatórias nas redes sociais. Não digo de quando alguém lembra de você em algo, mas marcações aleatórias mesmo, dessas em que, muitas vezes, a pessoa sequer te segue, ou te conhece – não me perguntem como isso é possível, apenas sei que é tão frequente quanto a minha vontade de fugir para as colinas em dias de cólicas.
Enfim: lá fui eu analisar o conteúdo. Era uma mensagem, dessas feitas em editor de imagem para Android. Um gênio foi capaz de expressar o meu mais puro sentimento. “Como eu não havia pensado nisso antes?”, me indaguei. Na publicação, a seguinte mensagem: “Fica triste não! Tá todo mundo meio f*dido!”.
Tive vontade de gritar “Eureka!”, como se eu houvesse descoberto a chave que seria capaz de mover meu dia.
Não sei se vocês possuem a mesma sensação, mas, entra ano, sai ano, e a internet se alastra de especialistas em sucesso. Tá de sacanagem? De uma hora para outra, uma parcela da população se tornou capaz de nos dizer o que fazer para ganhar dinheiro, ser bem-sucedido, ter um bom casamento ou ser plenamente feliz em qualquer área que desejamos?
Abra o YouTube assim que terminar de ler esse texto e, com certeza, vai haver um tutorial para mudar a sua vida em alguns passos. Eu mesma, provavelmente, já posso ter caído nesse tipo de senso comum.
Todo esse conteúdo aclamado por multidões em busca de uma razão de viver movimenta a economia do bolso de quem definitivamente está tão perdido quanto eu e você juntos.
Não existe fórmula para alcançar o sucesso. Como disse Viola Davis certa vez: “Sou dona da minha própria história. Sou dona dos meus fracassos. Não estou interessada em ser perfeita”. Deixar esta frase fixada no plano de fundo do meu notebook me faz entender diariamente que eu não preciso ser produto de ninguém e que, na vida, vale apenas a jornada de me encontrar nesse processo chamado cotidiano.
No meio do dia, eu me permito fazer uma pausa. A hora do café é a que mais tranquiliza. Aproveito para abrir um diálogo com Roberto Pompeu de Toledo e lhe dizer o quão genial ele foi ao questionar as fatias de tempo e a estratégia iniciada pelo indivíduo que cortou esse tempo e o nomeou de “ano” – como se a esperança estivesse em potinhos na prateleira do calendário, bem ali na sessão da exaustão.
Quem disse que o novo ano se inicia quando os fogos de Copacabana queimam e a champagne estoura na mão de alguém? Quem foi que sacramentou iniciar em janeiro a celebração de uma nova vida?
“Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos”. Mas quem disse que precisamos seguir o cronograma de prazos? Já não bastam os do trabalho e os projetos com data final? Ao menos na vida pessoal, isso não deveria ser uma imposição.
Que possamos seguir mais livres, certos de que a celebração de uma nova jornada pode estar a um passo de nós mesmos.