“Eu não gosto de política”: isso é o que mais escuto nos dias atuais, principalmente nas favelas. Esse tema é um tabu, um assunto que não desperta quase nenhum interesse. Isso torna o nosso lugar um terreno fértil para aproveitadores, abutres, as sanguessugas do povo que, em períodos eleitorais, se apresentam de forma messiânica e só retornam a cada quatro anos. Está mais que na hora de mudar esse panorama.
Nas periferias, esse tema de tamanha importância deveria fazer parte do cotidiano das famílias. Nas rodas de conversas, nas praças, nos bares deveríamos falar de política e suas causas e efeitos diretos para a população. Mas isso acontece.
O que tanto me assusta é a validação que o povo manipulado dá a esses políticos que aí estão. É como um cheque em branco que é assinado e a eles dada a total liberdade para que façam aquilo que melhor os caiba. Isso é preocupante diante de tantos fatos comprovados de corrupção – e os mesmos insistirem em permanecer no cargo público. Esse aval dado a tantos políticos é algo surreal. Por inúmeras vezes, nem se tem noção do que se está fazendo, porque o povo, de modo geral, não busca conhecer os fatos que cercam os assuntos políticos, muito menos os candidatos aos cargos.
Até quando nosso povo vai se ater a essas questões? Quando vamos começar a discutir a política como forma de sobrevivência diária?
Precisamos sentar e investir um pouco de tempo e debater seriamente sobre como vamos eleger os próximos candidatos ao pleito. 2018 é um ano eleitoral, decisivo. A maioria dos partidos já estão se mancomunando e fazendo alianças entre eles, dividindo cargos e suas permanências no poder. Mas, e com relação a nós, o que temos feito? Absolutamente nada. Ainda por cima, somos induzidos pela grande mídia a nos afastar desse tema.
É hora de pobre falar de política. É hora da periferia falar de política. Faço aqui um apelo emergencial: vamos falar, sim, de política.