Nesta quinta feira, 8, acontece no Cine Odeon a exibição do documentário Cineclubismo na BF, com direção de Carol Vilamaro. Com o intuito de mostrar o outro lado da Baixada Fluminense, a diretora, que começou no cinema por causa dos cineclubes, falou que a existência desses espaços fazem uma grande diferença na localidade, ainda mais quando este é visto como pobre em cultura. “Promover Cineclubes é preservar a possibilidade do encontro, da identificação com o outro e o prazer de compartilhar e motivar pessoas”, disse.
Para a realização do documentário, Carol quis focar em quem faz funcionar os cineclubes e os ideais e projetos de cada um deles. Para que isso fosse possível, foi necessário mapear seis dos cineclubes que atuam na Baixada, são eles: Cineclube Mate com Angu, de Duque de Caxias; Cineclube Buraco do Getúlio, de Nova Iguaçu; Cineclube Donana, de Belford Roxo; Cineclube Cinema de Guerrilha, de São João de Meriti; CineclubeXuxu com Xis, de Austin e Cineclube Facção Feminista, itinerante.
Diego Bion é produtor cultural e uma das pessoas que faz funcionar o Cineclube Buraco do Getúlio. Segundo ele, o “Buraco”, com quase doze anos de atuação, é uma intervenção urbana multimídia, pois ele saiu do bar e foi para a praça. “A rua tem que ser um lugar de encontro do diferente e deve ser visto como um lugar além de passagem, mas como um lugar de permanência”, afirmou.
Mostrar os cineclubes como um lugar de democratização da cultura também foi um dos princípios de Carol com o documentário. “É onde o cidadão retoma o direito à cultura e percebe que pode participar da transformação do cotidiano em seu território”, apontou.
De acordo com ela, esse movimento tem mostrado crescimento e resistência, pois o sustento deles vem na maior parte de seus idealizadores e da vontade de fazer acontecer.
Para além das páginas policiais
A luta para manter o espaço vivo foi, também, questionada por Diego, que disse ter uma maior dificuldade quando o diálogo é com o poder público, ainda mais em um momento de esvaziamento de políticas públicas para a cultura. “A Baixada precisa de políticas públicas num geral. Falta entender que a cultura é importante para a mudança do imaginário do que seja a Baixada”, afirmou.
Mas mesmo com essa dificuldade ele disse que nada os impede de produzir e ser ponte de estímulo para as novas ideias de cultura em Nova Iguaçu. “Mesmo que a gente não tenha os meios de produção e ambientes adequados, isso nunca impediu que as regiões periféricas do Rio de Janeiro fossem potências quando se discute produção artística”, completou.
O documentário vai contar, sobretudo, o lado que ninguém vê da Baixada. Para Carol, esse território é rico e muita coisa boa acontece, não somente a violência. “A gente precisa contar histórias diferentes sobre esse território e as pessoas que vivem, atuam e realizam nele. Eu tenho uma expectativa que com o documentário esse novo olhar sobre a história da Baixada Fluminense seja percebido”, afirmou.
Serviço:
Exibição do documentário Cineclubismo na BF
Direção de Carol Vilamaro
Data: 08 de março, às 18h
Endereço: Cine Odeon (Praça Floriano, 7 – Centro, Rio de Janeiro – RJ)
Entrada: Gratuita.