Com o cenário cada dia mais competitivo e empresas cada vez mais barganhando custos de produção, profissionais como a publicitária cearense Celina Hissa nos prova que pode sim existir um novo e positivo olhar sobre o processo de cadeia produtiva.
Uma conversa sincera
Aliar a transparência com o público e o consumo consciente envolve a concepção da Catarina Mina, a primeira marca de custos abertos do Brasil. Presente no mercado há 12 anos, uma de suas missões é aliar o design como ferramenta para valorização da cultura artesanal e ao empoderamento do trabalho das artesãs.
No site, as bolsas e demais acessórios estão elegantemente acompanhados com todas as informações possíveis do seu processo de produção e o carro-chefe é o crochê. A escolha deste material é definida por Celina como um grande “encontro criativo”.
“Já desempenhava projetos com ONGs e algumas associações, conhecia artesãos em várias regiões do estado e uma pessoa foi me levando a outra. Até que conheci a Verônica, amiga e parceira que está comigo até hoje, quando trabalhava com crochê em uma das cooperativas no Morro de Santa Terezinha”, conta.
Mãos que fazem (com carinho) tudo acontecer
Elas ficam em suas casas, com um olho na agulha na mão e o outro na comida no fogão. Cada uma com o seu ritmo e a sua forma de trabalhar. Verônica, 50 anos, é moradora do bairro Mucuripe, em Fortaleza. Há 9 anos na Catarina Mina, além de artesã, tornou-se integrante da equipe de Desenvolvimento dos produtos da marca. “Me sinto muito feliz em ter este reconhecimento, trabalhar com o que gosto e ver que as pessoas percebem a gente e a nossa arte com outros olhos”, diz.
Aldenice é outro braço direito para Celina. Moradora de Itaitinga, na região metropolitana da capital, a artesã de 58 anos ressalta a satisfação em conciliar o profissional com o pessoal. “Aqui comigo são 35 mulheres, muitas com família e filhos. Antes, trabalhando fora, sofríamos com a falta de tempo. Hoje, podemos ficar em nossas casas fazendo o nosso serviço tranquilo e bem feito, enquanto pegamos as crianças na escola. O resultado é a entrega de um produto com muito capricho e qualidade”, conclui.
Coletividade, criatividade e respeito
Vencedora de prêmios nacionais como Vogue Ecoera na categoria “Trabalho com pessoas” (2015), e o Prêmio Brasil Design 3M (2016), hoje a Catarina Mina trabalha com cerca de 70 mulheres nas cidades de Fortaleza, Itaitinga e Sobral. Para este ano, o propósito da marca vai além. Celina, que já executa o projeto FIA, que é uma oficina que ajuda artesãs a afinarem suas técnicas e a potencializarem a rentabilidade dos seus trabalhos, pretende expandir uma outra iniciativa: o projeto Uru, no distrito de Moitas, em Icaraizinho de Amontada. A ideia, que começou no finalzinho de 2017, é promover ações de turismo sustentável junto com as artesãs da região.
“O uru é um cesto feito de palha de carnaúba usado por pescadores e é um utensílio muito característico de quem mora lá. Além de produzirmos bolsas de réplicas desse cesto com as profissionais locais, queremos dar oficinas que promovam o turismo sustentável, de forma que a identidade de nosso povo seja sempre exaltada e que haja a valorização, inclusive financeira, do que é feito com muito amor e dedicação pelas nossas mãos”, explica Celina.
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