100 anos de Mandela

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 “Ninguém pode se sentir satisfeito enquanto ainda houver crianças, milhões de crianças, que não recebem uma educação que lhes ofereça dignidade e o direito de viver suas vidas completamente”. Nelson Mandela

O primeiro presidente negro da África do Sul, que teve papel determinante no fim do sistema de segregação racial conhecido como “apartheid”, completaria 100 anos nesta quarta-feira (18). O homem, também chamado de Madiba, que nasceu livre para correr pelos campos ao redor da cabana onde morava e que passou 27 anos atrás das grades por seu engajamento na luta contra o racismo deixou lições para a humanidade.

Nelson Mandela tornou-se presidente em 1994 e até 1999 lutou para prover a mesma educação para negros e brancos em seu país. Um dos seus principais focos era democratizar e garantir que todos teriam acesso ao conhecimento. É estranho pensarmos que isso é o justo, mas vivemos em um país onde ainda há muita desigualdade, inclusive na área da educação.

No site de sua fundação “Nelson Mandela Foundation” é possível acompanhar muitos de seus discursos, onde em muitos deles ele pregava a igualdade e qualidade da educação, estimulando através de suas palavras a formação de líderes. Em 2005 ele criou outra fundação a “Mandela Rhodes Scholarship”, com o objetivo de financiar estudo de jovens a fim de formá-los líderes do futuro. Em seguida ele criou uma outra fundação para promover a educação para pessoas em áreas rurais da África do Sul, a “Nelson Mandela Institute for Rural Development and Education”. Todas essas iniciativas tinham um objetivo em comum que era promover a dignidade através da educação.

“O presidente Mandela falou com paixão em todos os fóruns possíveis sobre seu compromisso de prover educação de qualidade para todas as crianças da África do Sul, assim como propiciar também uma vida melhor para todos. Ele estabeleceu parcerias valiosas com o setor privado, especialmente para a construção de escolas nas comunidades rurais de todo o país”, diz o Departamento de Educação Básica em seu site.

Dentre suas inúmeras iniciativas uma delas é a “Rede Mindset” que foi lançada no ano de 2013 uma organização sem fins lucrativos que provê recursos de estudo para estudantes e professores em vários temas, desde economia, matemática e física até tecnologia e orientação para a vida. Na época ele disse uma das suas mais famosas frases:

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

As lições de Nelson Mandela para todos vão além da educação e da coragem com a qual ele lutou pela igualdade. Mas podemos dizer que seu legado nos ensina que com pequenas iniciativas e perseverança é possível prover uma educação de qualidade para todos, independente da idade, local ou forma. Para ele, a educação dá liberdade e poder.

“Uma boa mente e um bom coração são sempre uma combinação formidável. Mas quando você adiciona a isso um idioma bem falado ou uma caneta, então você tem uma coisa realmente especial”, dizia ele.

RACISMO

Uma das primeiras medidas de Mandela ao chegar à Presidência foi formar a Comissão da Verdade e da Reconciliação. Um comitê multirracial e politicamente diverso foi constituído para organizar uma lista de 25 candidatos a comissário da CVR. Foram selecionados 17, sob a presidência do arcebispo Desmond Tutu, ganhador do Nobel da Paz. A Comissão ouviu vítimas de violações dos direitos humanos cometidas pelo “Estado ou por qualquer outra organização, grupo ou indivíduo”. Prestaram depoimento pessoas torturadas ou presas injustamente, parentes de militantes assassinados e famílias atingidas pelo terrorismo de todo tipo – de grupos nacionalistas negros, chefes militares do regime segregacionista, policiais, agentes dos serviços secretos ou integrantes de milícias brancas paramilitares. As audiências eram públicas e transmitidas pela TV. Foi um verdadeiro expurgo público dos crimes cometidos durante os 46 anos de apartheid (1948 a 1994).

O processo foi o maior gesto de Mandela em favor da paz entre negros e brancos. Saídos de um regime que os tratava como animais, os negros poderiam ter se lançado a uma violenta vingança. Nas mãos de um líder populista e irresponsável, a África do Sul poderia ter sido palco de um colossal banho de sangue. Era o que Mandela mais temia. Ele queria reconciliar o país, não perseguir os derrotados. “Mandela dizia ser impossível ter uma África do Sul boa, se não fosse boa para brancos e negros”, diz o advogado e sociólogo José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares. O princípio, que serviu para a África do Sul, é útil para o mundo todo em 2013. Divididos em etnias, credos e definições de comportamento, muitos ainda são vítimas da violência originada no preconceito. Sensato, prático e defensor apaixonado do ser humano, Mandela pregou a convivência respeitosa mesmo entre aqueles que não se acham iguais. Como ele não cansou de mostrar, a humanidade é uma só.

Que o dia de hoje, seja celebrado com festa e que nos sirva de inspiração acreditando que é possível se cada um fizer a sua parte.

Viva Madiba!