E quem paga essa conta? Você, eu e todos os moradores que ficam no meio dessa guerra insana que não tem dia e nem hora. Estamos a merce do estado, que só sabe nos oprimir.
Nós, que estamos dentro desses territórios, que é muito mais visado pelas coisas ruins do que as boas, mudamos todos os dias as nossas rotinas por conta dos diversos tiroteios que tem nas favelas. Não dá para se planejar, acordar, curtir um futebol, ir para escola tranquilo, ir trabalhar, estender a roupa na laje, pois a qualquer momento começa um tiroteio.
Anderson Ramos, pai de família, cria da favela, respeitado e muito querido por todos, um dos maiores barbeiros do Complexo do Alemão, premiado e reconhecido pelo seu trabalho, que tem um projeto pessoal incrível que já capacitou vários jovens dentro da favela, dando aula de barbearia, gratuito, para meninos entre 14 a 25 anos, usando seu próprio material.Quem poderia imaginar, que essa pessoa pagaria por essa guerra? Como eu tenho dito a vocês, os maiores prejudicados sempre seremos nós, os favelados, onde não poderemos sair de casa, não teremos como abrir nossos comércios, fora todos os outros prejuízos de um dia de operação policial na Favela.
Sua barbearia que está localizada na Alvorada (uma das partes mais alta do Complexo do Alemão) foi alvejada, e perfurada causando um prejuízo de 4.000,00 (quatro mil reais). Segundo Anderson o prejuízo só não foi maior por que não atingiu os produtos que ele vende, mas a barbearia que ele tinha acabado de reformar, ficou furada pelas balas e o blidex da barbearia, estraçalhado pelo chão.
” Eu estava indo abrir a barbearia, quando começou o tiroteio, poderia ter sido pior. Agora é trabalhar e reconstruir tudo novamente.” Anderson Ramos
Imaginem só, viver dessa forma, mas é assim que construímos e resistimos no nosso dia a dia. O estado não está preocupado, se você paga seus impostos, se você vota, se você tem direitos, a maquina existe para nos manter em cativeiro, calados e oprimidos. Se soubéssemos realmente o poder da nossa voz, metade desses absurdos não aconteceriam, mas eu entendo que dentro da favela, é muito difícil lutar com tamanha desigualdade, mas não podemos desanimar, precisamos reagir, se cada um começar a se movimentar, chagará um momento que não conseguirão nos deter.