ARMAS MAIS EFICAZES

 

*Rodrigo Pimentel

‘Muitas almas filantrópicas imaginam que exista uma maneira artística de desarmar ou derrotar o adversário, sem excessivo derramemento de sangue. Esta é uma concepção falsa, que deve ser repelida, por mais simpática que possa parecer.’

 

Esta não é uma declaração do secretário de Segurança sobre as operações policiais nas favelas do Rio, mas um trecho extraído do clássico, ‘Da Guerra’, do pensador militar e general prussiano Carl Von Clausewitz. Pode parecer claro que força se conbate com força, e que o governador tem razão quando afirma que os traficantes não participariam de um seminário sobre violência urbana. Mas podemos, sim, questionar a eficácia do modelo de incursões reeditado a cada governo como a grande novidade da política de segurança. Questionamos também o transtorno causado aos moradores com a manutenção desta estratégia. Para que servem estas ações?
Para acabar com o tráfico? Se as comunidades fossem imediatamente ocupadas por efetivos policiais, em número razoavel, e programas de ocupação para os jorvens fossem implantados, a vitória final seria obtida. As ferramentas necessárias para ocupação dos jovens e resgate de auto-estima que são esporte, lazer e culura, e estas sequer pertecem ao governo estadual, não podem ser manobradas pelo secretário Beltrame. Pertencem ao município as lonas culturais, os núcleos de esporte e lazer, as vilas olímpicas, equipamentos de eficácia comprovada. Vencer o tráfico só é possível com articulação entre estado e município. Será que a Secretaria de Segurança Pública, em caráter emergencial, não poderia escolher, dentro de suas prioridades, locais para instalação destes projetos?

*Roteirista de ‘Tropa de Elite’ e ex-capitão PM do BOPE.

Fonte: Jornal O DIA – 13/11/2007 – OPINIÃO – Pg. 06