Muito frio e chuva fina não foram nenhum impeditivo para a maravilhosa feijoada dos Prazeres. O morro, que tem uma das vistas mais bonita do Rio de Janeiro, no Domingo, não fazia jus ao nome de “Prazeres” apenas pela paisagem. Numa cordialidade pouco vista nos dias de hoje, os visitantes se sentiam em casa com a recepção dos moradores, a cerveja gelada, a feijoada de velha guarda e com a animação de uma boa roda de samba. Num campo semi profissional, o futebol rolava solto com direito a torcida em arquibancada e muitos gols.

Não teria como deixar de mencionar que a festa estava sendo organizada e conduzida pelos próprios moradores sem nenhum percalço ou acompanhamento de policiais militares. Ao contrário do que temos visto, em comunidades ocupadas pelas UPPs, onde a polícia determina várias regras de funcionamento das atividades e onde constantemente ocorrem conflitos com os moradores, no Morro dos Prazeres eram os moradores a comissão de frente de toda aquela festa. Uma prova cabal de como os eventos festivos são muito bem organizados nas favelas, ao contrário do que muitas vezes a imprensa e os governos tentam passar. Sendo assim, já que a grande imprensa não vai noticiar, é fundamental que a ANF, imprensa destinada a divulgar a voz das favelas, mostre o sucesso da confraternização dos moradores e visitantes nessa “IV Feijoada dos Prazeres” no Campo das Colinas.

Sabemos ainda, que apesar de uma vista maravilhosa, o morro sofre com a falta de serviços e direitos básicos à população. Um pequeno exemplo é que quando chove, os moradores são obrigados a ficarem dias sem luz. Não é por acaso que quando a belíssima música “Nome de Favelas”, do mestre Paulo César Pinheiro, tocou, foi em coro que as massas levaram a parte “prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres”.

Que muitas festas prazerosas e feijoadas ocorram com a mais ampla liberdade de organização pelos moradores e que possamos estar sempre juntos nas lutas e nas conquistas que o morro precisa de fato, para ser sempre dos prazeres.