Eu sou de uma favela. Vamos falar sobre ela?
Pela imagem deu para reconhecer.
Ela já foi cenário de novela, filme, documentários. É constantemente pauta de reportagens que provavelmente você já deve ter visto no jornal, na internet ou na tv.
Uma terra que começa com a vinda de um polonês que decidiu mudar-se para o Brasil, após o fim da Primeira Guerra Mundial. Leonard Kaczmarkiewicz escolhe o Rio de Janeiro para refazer a sua vida e aqui compra uma vasta extensão de terra na Serra da Misericórdia, formação geológica na Zona Norte da cidade, de vegetação abundante, na época com muitas nascentes de água límpida. Alto, muito branco, o polonês ganhou logo o apelido de “alemão” dos moradores da região.
Até os anos 40, as terras de Kaczmarkiewicz formavam uma grande fazenda, com cerca de três quilômetros quadrados, limitado pelos bairros de Bonsucesso, Inhaúma, Ramos, Penha e Olaria. Algumas indústrias começaram a se instalar na região e aos poucos, a área foi desmembrada e vendida em lotes. Os principais compradores eram trabalhadores das indústrias que se instalaram por ali.
Permita-me me apresentar. Me chamo Nathalia Menezes, filha da Dona Sonita, Neta da Dona Petrô e do Sr. João, madrinha da Jhovana, Maria Eduarda, Laisa, Miguel, Pedro Phelipe, Euler Miguel, Vinicius e Láviny que também considero como filha do coração. Recém formada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda em uma universidade próxima onde resido, produtora cultural, audiovisual, comunicadora formada no lugar onde vivo.
Apaixonada por arte, cultura, fotografia… ah, a fotografia… (suspiros)
Sou uma das milhares de centenas de moradores do conjunto de favelas do Complexo do Alemão, formado por 14 comunidades. Apesar de tratarem o meu lugar como uma das áreas mais violentas e carentes da cidade, eu prefiro “nadar” contra isso e mostrar sua potência e resiliência do nosso povo.
Aqui, aprendo muito.
Da alegria a dor, neste lugar, já experimentei um misto de sentimentos.
São muitas histórias incríveis que no percussivo dessa experiência aqui na coluna poderemos partilhar.
Entretanto, a gente segue enfrentando nossa atual situação e lutamos teimosamente para fortalecer as práticas socioculturais com a criatividade para inventar a alegria e a felicidade de viver, trabalhar neste lugar.
Me entristece a forma como tratam o meu lugar, com tanta discriminação.
CEP, gênero, raça, condição não deveriam ter distinção.
Já vi aqui ter muitos investimentos, por outro lado, o que investiram mais pesado foi na munição.
E quando a guerra insana começa, vem a interrogação: quem iremos enterrar agora?
Não importa a crença, a religião, nesta hora muitos joelhos se dobram no chão.
O sonho em comum? Acho que é com a liberdade, de ir e vir, de viver com dignidade, essa sim deveria ser a prioridade.
Eu acredito muito no poder de transformação dos projetos socioculturais. Afinal, sou cria, de muitas organizações, as quais eu considero e que sem sombras de dúvidas contribuíram na construção da minha cidadania e na formação da minha vida. Portanto, escrever sobre eles será um dos meus maiores objetivos.
Bem… para finalizar por hoje, proponho a vocês embarcarem comigo nesse desafio.
Vamos promover o que nos encanta?!