Renata Souza e a democracia

No dia 11 de outubro, no bar Esquina da Democracia, aconteceu o evento “Eleitores do Ciro, Haddad e Boulos Bebem Juntos Contra o Fascismo”.  O evento contou com a presença de vários grandes nomes da política atual, como Marcelo Freixo, Dani Monteiro, Talíria Petrone, Tarcísio Motta, entre muitos outros. Esse encontro foi de grande importância para a democracia, as pessoas que lá estavam tiveram contato direto com os seus novos representantes e puderam passar um ao outro força e esperança para o segundo turno. A deputada estadual Renata Souza também estava lá e nos concedeu uma entrevista, onde ela falou sobre o momento atual do país e suas expectativas para o futuro.

ANF – Gostaríamos de começar perguntando sobre o primeiro turno deste domingo. Qual a sua reação frente aos resultados?

O resultado para nós do PSOL foi muito positivo, afinal de contas elegemos cinco pessoas, cinco cadeiras que nós já tínhamos na Alerj. A grande novidade é que a gente conseguiu eleger três mulheres, mulheres negras que tem uma pauta muito bem definida pra defesa intransigente da vida da juventude negra, pobre, favelada e periférica. Então a gente tá ali dentro dessa casa é muito importante diante da possibilidade de muito retrocesso. Eu fui eleita a mulher da esquerda mais bem votada do Rio de Janeiro, isso traz pra gente uma responsabilidade diante de uma casa que foi dominada pela ultradireita, então a gente vai precisar se organizar pra que a nossa bancada do PSOL dê conta das demandas sociais.

Créditos: Rafael Vasconcelos

ANF – Sobre o segundo turno, quais são as suas expectativas?

Bom, segundo turno ainda está em aberto mesmo porque a gente tem uma polarização muito grande entre aqueles que não votam no Bolsonaro e aqueles que votam convictamente no Bolsonaro, a gente precisa enquanto esquerda fazer um debate fraterno com as pessoas porque o Bolsonaro na verdade tem como tática um trabalho muito forte com a construção de ódio, construção de barbárie além da construção do medo que é colocado a partir do trabalho que ele faz na base dele, e isso vem se espalhando por toda a sociedade que tem como mote a tolerância zero, a tolerância zero de ter mulheres que recebam o mesmo salário que homens mesmo que essas tenham a mesma qualificação.

Ao mesmo tempo que a gente vê a possibilidade aqui no Rio de Janeiro de um candidato do Bolsonaro com a retirada da secretaria de segurança pública, isso mostra que pra favela vai ser dado tiro a esmo como sempre deu, mas com a possibilidade do candidato do Bolsonaro também ser eleito no Rio de Janeiro, a gente tem aí um massacre concreto da nossa juventude preta, pobre e favelada. Então a gente tem que se reorganizar enquanto opositores a essa lógica que na verdade não vê as pessoas que moram na favela como humanos. Eu moro na favela, eu moro na Maré, e eu sei o quanto é difícil a gente lidar todo dia com operações policiais militarizadas que tiram nosso direito de ir à escola, de ir ao trabalho, de ir ser atendida nos postos de saúde e o nosso próprio comércio. Então com a vinda do candidato do Bolsonaro pra governar o Rio de Janeiro a gente também tem um problema concreto por que isso vai se acirrar esse mesmo estado que mata crianças dentro da escola como aconteceu com a Maria Eduarda e com o Marcus Vinícius, pode se acirrar de matar pessoas dentro de casa com essa política de na favela vamos dar tiro não importa porque lá é onde estão os nossos inimigos. Eu por exemplo não sou inimiga da sociedade, eu por exemplo estou aqui para defender a dignidade humana. E esse é o nosso maior projeto enquanto parlamentar, enquanto deputada estadual que vai estar na Alerj defendendo o direito a vida da nossa juventude preta, das mulheres, na população LGBT que diante desse acirramento do conservadorismo também vai sofrer muito.

ANF – Como política do Rio de Janeiro, você vê alguma mudança nas eleições de 2018 quanto ao eleitorado fluminense?

Sim, a posição do eleitorado fluminense reverbera o eleitorado do Brasil que tá muito descrente de tudo, por isso o voto, porque aqui o Bolsonaro teve mais de 60% dos votos, mostra o quanto a população também tá com medo, o quanto a população olha para o Bolsonaro como se fosse um grande herói da pátria, e é mentira, ele não é herói da pátria, ele votou para que as empregadas domésticas são tivessem seus direitos garantidos ele votou para a reforma da previdência ser essa que você não sabe quando é que você vai se aposentar, foi ele que retirou direitos em um mandato de quase 30 anos entre câmara federal, e ele não fez nada concreto que pudesse superar as desigualdades sociais. Então, o voto do eleitorado aqui é um voto de desesperança porque acha que a força que o Bolsonaro parece dar é uma força que ela é autoritária que não prevê o diálogo na sociedade, que não prevê a democracia concretamente e a nossa democracia tá em risco com a possibilidade de o Bolsonaro comandar o Brasil.

ANF- Se você pudesse mandar uma mensagem diretamente a cada eleitor carioca nesse momento, qual seria ela?

Eleitores, e pessoas como eu, que votam para uma sociedade mais digna, mais justa, onde mulheres, mulheres negras, homens negros, população LGBT, tenha a mesma justiça social tenha as mesmas oportunidades diante das políticas públicas, votem naquele que não é o candidato do Bolsonaro, não votem no Bolsonaro, para presidir o nosso Brasil, a gente precisa votar no Haddad e na Manuela 13, que esses sim representam a democracia e é nisso que a gente tá apostando. Para os eleitores do Rio de Janeiro, não votem no candidato do Bolsonaro, não votem de jeito nenhum, é um apelo que eu faço, não é só um recado, a gente precisa que a dignidade humana esteja acima do nosso desconforto diante de um momento que é muito crítico na nossa sociedade. Votar no Bolsonaro não vai melhorar as nossas condições de vida, por isso, vote no candidato que não é do Bolsonaro para o Rio de Janeiro e para governar o nosso Brasil não vote no Bolsonaro, vote 13, Haddad e Manuela.