Em 1998, no reinado do “Imperador” Marcelo Alencar, o escolhido para chefiar a“Guarda Pretoriana Carioca”, foi o general Nilton Cerqueira. Chegou “famoso” por ter comandado a operação em que resultou na morte do herói brasileiro, Capitão Carlos Lamarca no interior da Bahia. As favelas do Rio de Janeiro passaram a viver dias tenebrosos durante esse mandato. Direitos Humanos por aqui passava longe. Neste período o que funcionou muito “bem” foi o islogan – atire primeiro e depois pergunte. O sistema de “segurança pública” foi mais distante ainda, quando lançou a Premiação Faroeste. Pecúnia e Bravura. Policiais,prendam ou matem que serão premiados. Era a lógica perversa do sistema reinante. Os policiais vibraram a final, suas bocas sempre estiveram sedentas de sangue como dos vampiros do Império português – os capitães do mato.
A favela do Jacarezinho foi ocupada por diversos Batalhões da PM. Surge então a figura do drácula. Pior para mim ao tornar-me presidente da favela naquele momento. Toda semana víamos corpos estendidos no chão com farto sangue escorrendo pelos becos e vielas. O drácula era capitão naquele período e estava lotado no 9° Batalhão PM ( Rocha Miranda). Ele não se contentava em sobrevoar apenas a sua área de atuação. Alçava voos distantes. Passou por Vigário Geral, Lucas, Acari e veio descendo até pousar no Jacarezinho. Em cada pouso uma vítima. Nas delegacias choviam os autos de resistências seguidas de morte. O ex. Coordenador de segurança pública, Luiz Eduardo Soares, lançou o título ao forjamentos de Kit-Crime – armas e drogas lançadas sobre os corpos das vítimas.
Comecei a denunciar fartamente os abusos, arbitrariedades, corrupções e execuções sumárias. Piorou ainda mais quando ele chegou na área do 1°BPM, descendo nas favelas do Zinco, São Carlos, Fogueteiro, Falet, Prazeres e Coroa. Foi um salve-se quem puder, um Deus nos acuda!
Fundei o Movimento Popular de Favelas junto com outras lideranças para que pudéssemos ganhar forças e partir para o bom “combate”. No final, fui forçado a desistir das denúncias. Livrei-me da morte por inúmeras vezes, sabe-se lá como. Mas não consegui livrar-me da prisão e condenação por causa desta “ousadia”. A minha sorte é que escapei pela porta dos fundos e consegui sobreviver no exterior.
Só agora pegaram o drácula. Trata-se do tenente coronel Claudio Luis de Oliveira. Ex. comandante do Batalhão de São Gonçalo, acusado de ser o mandante da morte da juíza Patrícia Acioli. Claudio foi sem explicação promovido e prestigiado pelo auto comando da corporação. Foi para um Batalhão de maior envergadura, o Batalhão da Maré. Vale ressaltar, que encontra-se lotado no gabinete do atual comandante da Polícia Militar coronel Mário Sérgio, um outro policial que está sob investigação também. O prestígio do tenente coronel Claudio é grande como já visto, passou pelos Serviço Reservado da PM e o BOPE, elite da corporação.
Como nada aconteceu com o general, vamos aguardar os desdobramentos do caso do tenente coronel.
Enquanto isso, vamos proteger os nossos pescoços, pois outros dráculas encontram-se soltos por aí.
Ah! Já estava quase esquecendo, em janeiro de 2012, vamos acompanhar o resultado do Oscar, Tropa de “Elite” está concorrendo!
Rumba Gabriel