Pátria amada, idolatrada e mal interpretada

Créditos - Reprodução da internet

 

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heroico o brado retumbante

E o sol da liberdade, em raios fúlgidos

Brilhou no céu da pátria nesse instante

Se o penhor dessa igualdade

Conseguimos conquistar com braço forte

Em teu seio, ó liberdade

Desafia o nosso peito a própria morte!

 

Ó Pátria amada

Idolatrada

Salve! Salve!

 

(…)

 

Brasil, de amor eterno seja símbolo

O lábaro que ostentas estrelado

E diga o verde-louro dessa flâmula

Paz no futuro e glória no passado

 

Mas, se ergues da justiça a clava forte

Verás que um filho teu não foge à luta

Nem teme, quem te adora, a própria morte

             Terra adorada

            Entre outras mil

            És tu, Brasil

Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil

Pátria amada

Brasil!

 

Fazendo uma análise do nosso hino nacional, após os resultados das eleições, percebo o quanto falta interpretação de texto e o pior, o quanto nossa história é distorcida e ignorada  por aqueles que se dizem patriotas. O quanto desprezam a cultura do nosso povo, que é sim, bem mista, diversificada, amplificada, colorida e composta por várias línguas. Mas nada disso importa para aqueles que querem que o nosso Brasil tenha um único deus, uma única religião, um único modelo de família, uma cor única, uma língua única, uma única ideologia, um pensamento único.

Não, conseguem interpretar um texto e por isso não entendem a letra do hino que eles cantam com orgulho e a mão posta no lado direito do peito, sim, lado direito e bem na extremidade. Sendo assim, não compreendem que um povo heroico dito no hino, foi aquele que venceu com muita luta os mandos e os desmandos do opressor. Que o sol da liberdade que brilhou no céu da pátria, só foi possível após muitos terem dado suas vidas para que isso acontecesse. Disseram através do voto que não somos iguais, que não querem igualdade e nem muito menos liberdade, desprezando os braços fortes que as conquistaram. Querem que o país seja governado por quatro anos pela intolerância e a ignorância, não querem ter o direito de pensar, de poder argumentar e questionar. Preferiram abrir mão de seus direitos adquiridos, com a desculpa que querem o fim da corrupção. Demonstraram com um jeito tosco e meio torto de amar e idolatrar a pátria que carece tanto de sentimentos nobres.

O quanto foi lastimável os resultados das urnas, pois o amor eterno que  era um de nossos símbolos, foi sucumbido e arrancaram a última estrela que laboro ostentava com tanto orgulho por aqueles brasileiros que sonhavam alto em continuar vendo gente humilde sendo tratada como parte integrante da sociedade, ver muito mais gente preta, favelada dentro das universidades. O incômodo que eles tinham com essas e muitas outras conquistas acabou, se uniram para festejar e espalharam por todos os cantos do país o verde-louro da flâmula. Com dezessete minutos de queima de fogos, demonstraram que a paz do furo será conquistada  nem que seja a bala e as glórias do passado nunca existiram, até porque, não temos mais como comprová-las, já que faltando um mês para as eleições, o fogo destruiu o Museu Nacional e com ele documentos que contam nossa história.

Serão quatro longos anos para aqueles que discordam desse triste resultado, terão que resistir ao máximo, ou melhor, terão que ser unicamente resistência, provar que são também filhos desta terra e não fugirão à luta. E tendo o Brasil uma justiça cega, surda e fraca, terão que ser também a clava forte erguida, sem temer, amando essa Nação que ficou muito abalada nesses últimos tempos com a disputa pelo poder e muito triste com as inúmeras mortes.

Terra adorada, Pátria amada, que foi dividida ao meio e de forma violenta por aqueles que acreditam que a imposição, o uso da força e o desrespeito pela pessoa humana, são as únicas formas de expor seus pensamentos e ideias. E além da violência, usaram as urnas para dizerem que não aceitam que os outros filhos deste solo sejam acolhidos por essa mãe gentil, que gera a cada segundo gente de toda cor, de todos os gêneros, de todas as religiões, com orientações suxais diferentes. Não querem seus princípios sejam contrariados, e por isso, usando a bíblia, querem resgatar valores e a família tradicional, impedindo que outros  tipos de famílias sejam formadas em cada canto dessa Pátria amada chamada Brasil.

Mas, sejamos nós, a nossa maneira, sem nos esconder, tudo aquilo que quisermos, sendo ou não aceitos por eles. Sejamos todos nós que acreditamos que esse país tem jeito e um futuro promissor, RESISTÊNCIA com aqueles que só conhece como forma de diálogo o uso da força e da violência.

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Carla Regina
Sou estudante do último período da faculdade de Jornalismo, gosto muito de ler e de escrever. Me acho simpática, pelo menos é o que me dizem as pessoas quando me conhecem, mas creio que eu seja sim, pois adoro fazer novas amizades e conservar as antigas. Comunicativa, dinâmica e muito observadora, um tanto polêmica. Gosto muito de trabalhar em equipe, mas, dependendo da situação, a minha companhia para trabalhar também é ótima. Pois, na minha opinião, a solidão aguça a criatividade, fazendo com que a mente e os pensamentos fluam um pouco melhor. Comecei a trabalhar muito nova, ainda quando criança e já fiz muita coisa na vida, mas meu sonho sempre foi ser Jornalista e Historiadora, cheguei a ter muitas dúvidas de qual faculdade cursar primeiro, já que para mim as duas carreiras são maravilhosas. Então, resolvi entrar primeiro para o Jornalismo e no decorrer do curso percebi que cursar a faculdade de História não era só uma paixão, mas também uma necessidade para linha de jornalismo que que pretendo seguir. Como sou muito observadora e curiosa, as duas profissões têm muito a ver com minha pessoa. Amo escrever e de saber como tudo no mundo começou, até porque. tudo e todos tem um passado, tem uma história para ser contada.