No dia de ontem, 14 de outubro, a ANF participou da Roda de Conversa “Juventude na Pista e na Favela!”, realizada na Biblioteca Parque de Niterói. O evento, mediado pela produtora cultural Ana Machado, reuniu membros de diversos projetos culturais realizados nas cidades de Niterói, São Gonçalo e Rio de Janeiro, no intuito de debater, junto ao público, o tema da valorização da cultura periférica.
Foram apresentados aos presentes as propostas de cada grupo cultural, acompanhados de suas considerações acerca do trabalho realizado e dos desafios encontrados nesse caminho. Quem iniciou a conversa foi o grupo KRIADAKI, fundado por detentos que viram o teatro como ferramenta de transformação e como possibilidade de reescrever suas histórias. Ao final da roda, um dos membros apresentou número de stand-up que tematizava suas percepções e reflexões acerca de sua própria história.
Em seguida, foi a vez dos representantes do MACquinho, instituição pública, localizada em frente ao MAC, que oferece um espaço educativo, cultural e de entretenimento na busca pela promoção de inclusão social e digital das comunidades da cidade. Como exemplo de sua atuação, apresentaram o projeto “Macquinho ON”, que tem o objetivo de divulgar e estimular diversidades musicais, importantes para o reconhecimento das periferias como espaço de pluralidade.
O Espaço Cultural da Grota também marcou presença e conversou sobre a situação da cultura periférica em Niterói. A organização sem fins lucrativos, localizada na comunidade da Grota do Surucucu, em São Francisco, realiza ações voltadas para a promoção da cidadania através da arte e da educação há mais de 20 anos. No encontro, debateram a importância de se valorizar a identidade, lutar contra os preconceitos racial e social, além da necessidade de valorizar a cultura negra e local.
Alex Pluto, do grupo Gueto’s Crew, que compõe a cena do Hip Hop em São Gonçalo, compartilhou sua experiência como artista e produtor cultural nos espaços em que o acesso igualitário e gratuito à cultura é negligenciado. Ele, que organiza batalhas de danças urbanas dentro e fora da cidade, reforçou a posição da arte e da cultura como instrumento de educação e transformação social, e questionou a posição do Estado quanto à promoção do direito à cultura nas áreas periféricas.
Seguindo essa reflexão, o instituto Conexão Favela & Arte conversou sobre a sua atuação social nas comunidades, onde muitas vezes o estado e o município não agem ou são omissos. O grupo realiza projetos voltados para a inclusão social e descoberta de novos talentos através da arte e do esporte, e busca manter as raízes nas próprias comunidades, já que, para eles, ainda há muito trabalho a ser realizado a nível local.
Por sua vez, a ANF, representada pela editora do Portal e do Jornal “A Voz da Favela” Karen Melo, compartilhou sua experiência como exemplo de sistema público e comunitário de comunicação, relatou sua vivência e expôs sua relação com o fomento de projetos culturais negros e da favela.
Assim, o evento reforçou canais de diálogo entre diferentes iniciativas de valorização da cultura jovem negra e periférica e, junto com a Coordenadoria de Juventude da cidade, propôs um debate para que se estabeleça uma maior interação nos espaços de educação e cultura dentro e fora das periferias.