(Para Bruno Alves, falecido de forma trágica em 2017)
“Bruno!” – Espero que ainda dê tempo de minhas palavras lhe alcançarem nesse grande mar.
Nessa turba de ondas de além, deixo-as ir em paz contigo, não há distâncias no Infinito; toda palavra é infinita e tu olhas assustado o grande mar revolto enquanto atravessa-o forçosamente. Uma pequena cabeça que insiste em não submergir, um grande coração na imensidão escura – a noite é só um pano de fundo; melancólico.
Atentos estão os seus conservos – no grande mar; nos fortes ventos
No horizonte que se aproxima enfim de ti.
No pequeno barco de papel, vem te receber o profeta – E de Gentileza te acolhe – o nosso barqueiro é mais gentil; sem moedas, sem espólio, sem alforge.
Até que tu te avistas – com a grande mãe dalém do grande mar; – “Salve Anastácia, rainha” – a mãe eterna dos pretos e pobres livres. Acolha este guerreiro forro em Aruanda; e me acolha junto – parte de mim ficou também no mar.