O maior torneio do futebol nacional chegou ontem ao seu fim. Após 38 rodadas, a desse fim de semana definiu tudo que ainda era necessário, e agora a maioria dos clubes entra de férias, já pensando na temporada que vem. O campeão foi o Palmeiras, que ontem levantou a taça e comemorou junto de sua torcida. Mas nós viemos aqui recapitular o que aconteceu com os nossos quatro clubes cariocas. Com campanhas bem distintas, trazemos agora o que Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco conseguiram apresentar em campo:
BOTAFOGO
Começamos relembrando a caminhada do Glorioso na competição. Sua última partida foi disputada no sábado (01), quando a equipe foi derrotada pelo Atlético-MG, por 1×0, jogando em Belo Horizonte. Assim, terminou em 9º lugar na tabela. Considerando as dificuldades financeiras do clube, a torcida pode ficar satisfeita com o desempenho, porque ele conseguiu uma vaga para a Copa Sul-Americana do ano que vem, e principalmente, fugiu do rebaixamento. Durante todo o Brasileirão, o Botafogo foi inconstante, mas, no momento certo, conseguiu dar uma arrancada que o deixou confortável. Antes da derrota final, tinha emplacado cinco vitórias em seis jogos, que permitiram à torcida sonhar até mesmo com uma vaga na Libertadores. Bom, pode-se considerar o ano de 2018 como satisfatório, porque o alvinegro foi o único time carioca a conquistar um título na temporada, que foi o campeonato estadual. Os destaques do elenco vão para os goleiros Jefferson (ídolo que se aposentou esse ano) e Gatito Fernández, os zagueiros Joel Carli e Igor Rabello, e o meio de campo Rodrigo Lindoso. Agora, é necessário pensar no ano de 2019, para que o time de General Severiano mantenha suas principais peças, não se endivide mais e consiga competir em mais alto nível, comandados pelo técnico Zé Ricardo, que deve continuar no comando do clube.
FLAMENGO
A derrota de virada por 2×1 no último jogo, para o Atlético-PR, no sábado (01), em um Maracanã com quase 70 mil pessoas, evidencia bem o que foi o ano do Flamengo: vexame e frustração . Apesar de a tabela mostrar que a equipe rubro-negra foi a vice-campeã nacional, o torcedor não pode nem deve ficar contente com esse resultado. Tendo uma das equipes mais ricas e estruturadas do país, o Flamengo tinha obrigação de ser campeão, mas não foi, porque os jogadores pareceram deixar claro em campo a mensagem de que não o queriam. O time foi o que ficou na liderança por mais rodadas, mas falhou nos momentos decisivos, e não venceu adversários diretos, como o campeão Palmeiras. Assim, perdeu aos poucos suas chances de título. A equipe carioca agora amarga esse vice, sabendo que podia ter levantado a taça, e o prêmio de consolo é a vaga na Libertadores. Os destaques do ano vão para o zagueiro Léo Duarte, o lateral Renê, e os meias Lucas Paquetá (de saída para o futebol europeu), Éverton Ribeiro e Cuéllar. O foco agora é em 2019, e o planejamento começará a ser traçado quando saírem os resultados das eleições presidenciais do clube, que acontecem no próximo fim de semana. A partir daí, o Flamengo pode pensar em reformular o elenco e definir o novo técnico, para dar finalmente alguma alegria para a sua torcida. Essa última, que foi o maior destaque do ano, e teve média de comparecimento de 51 mil pessoas por jogo, maior marca disparada do país.
FLUMINENSE
O torcedor tricolor pode ler isso aliviado. Afinal, o time conseguiu escapar do rebaixamento na última rodada. A vitória por 1×0 sobre o América-MG, no Maracanã, no domingo (02), manteve o Fluminense na primeira divisão do futebol nacional. O 12º lugar na tabela presenteia o clube com uma vaga na Copa Sul-Americana, mas é algo bem incômodo. Foi um ano extremamente difícil nas Laranjeiras, marcado por uma crise política e financeira que teve um reflexo implacável em campo. O mês de novembro foi um filme de terror: nenhuma vitória e nenhum gol marcado. Isso mesmo, o Fluminense chegou a ficar 13 horas, somadas, sem balançar redes adversárias, no maior jejum da história do clube, que só acabou nesta última e decisiva partida. Percebeu-se claramente que os jogadores estavam abalados psicologicamente, sem conseguir desenvolver um bom trabalho, o que quase levou todos até o fundo do poço. Os destaques do ano vão para o goleiro Júlio César, o zagueiro Gum, o meia Sornoza e o atacante Pedro (que era a principal referência do time até se machucar e desfalcar o time pelo resto do ano, um dos principais motivos da queda do desempenho tricolor). Agora, é necessário juntar os cacos e tentar fazer algo muito melhor em 2019, se for possível.
VASCO
O clube seguiu pelo mesmo caminho do Fluminense e só permitiu à torcida comemorar a fuga do rebaixamento, que seria o quarto vivenciado pelo clube, em um intervalo de onze campeonatos. E não foi nada fácil, dramático até o último segundo possível. O empate de 0x0 arrancado no jogo contra o Ceará, em Fortaleza, no domingo (02), foi um teste para cardíaco. A combinação dos outros resultados teria rebaixado o Vasco, se ele tivesse perdido. Como conseguiu segurar o empate, pôde comemorar aliviado. Na tabela, fica registrada a amarga 16ª posição, apenas uma acima da “zona da degola”. Nessa temporada, o time de São Januário também foi atingido por uma forte crise política e econômica, com enorme reflexo no campo. Além de contratações ruins e lesões, muitos fatores explicam esse tremendo sufoco vivido pelo torcedor vascaíno, que lotou o seu estádio muitas vezes, mas sem resultado. Os destaques do ano vão para o meia Yago Pikachu e o atacante Maxi López. Os desafios para o próximo ano são os de resolver todas as pendências políticas e reformular o elenco, para ter jogadores mais competentes e capazes de levar o Vasco para alçar voos mais altos.
Analisando de maneira geral, foi um ano bem negativo para o futebol carioca. A explosão de crises extracampo evidencia a bagunça que é o esporte praticado no Rio de Janeiro, mesmo no nível profissional, o que reflete também crises alheias ao mundo futebolístico, mas que não vem ao caso aqui. Botafogo, Fluminense e Vasco, times de orçamento bem limitado, aprenderam apenas a brigar contra rebaixamentos e comemorar permanências. O Flamengo, o “primo rico”, se acostumou a ser chacota nacional e símbolo de fracasso. Não é possível dizer se, em 2019, a sorte sorrirá para os nossos times, mas torcemos para que seja um ano menos vergonhoso.