A favela lança tendência

Créditos - Karen Melo

Quem é que não gosta de se vestir bem, colocar aquela roupa e par de sapatos escolhidos a dedo? Lançar um vestidinho, com um saltão arrasador ou aquele boné e tênis bolado? Fala aí, quem é que não gosta de estar na moda, e porque não, fazer a sua própria? Acompanhar tendências ou seguir seu próprio estilo, qualquer um dos dois está valendo, pois o importante mesmo é estar bem consigo mesmo.

A favela também cria sua própria moda, não só se adapta as que surgem. E o funk não só mexeu com a moda, mas deu uma grande revirada na favela trazendo novas tendências, que são seguidas por muitas pessoas de dentro e de fora das comunidades.

A década de 1990 foi uma revolução nas favelas. Corte de cabelos com desenhos e nomes engraçados foi uma febre entre os meninos. Um deles é o corte do Jaca, que é um corte de cabelo em “v”, que surgiu na favela do Jacarezinho e é muito usado por eles. Com esses novos cortes surgindo, as barbearias que haviam sumido das favelas começaram a reaparecer, uma em cada esquina. As meninas também criam seus penteados e durante um tempo era comum ver um grupo de meninas com cabelos bem alisados e a franja colada na testa. Outras, usavam os cabelos bem encaracolados e com a franja bem esticada, tudo com muito estilo. Foi uma moda passageira, mas de vez em quando aparece alguém usando.

Outra moda passageira, mas chamou muita atenção, foi das famosas sandálias emborrachadas “femininas”. Surgiu no baile do Morro do Salgueiro um grupo de meninos usando essas sandálias, brancas ou pretas, logo se tornou muito comum nos pés dos meninos, que antes só era usada pelas meninas. Assim como os brincos de pedras grandes usados por eles nas duas orelhas, que sai e volta de moda, mas nunca fica por muito tempo.

Na favela, estão sempre criando e recriando a moda, assim como foi com uso dos chinelos de dedo numa época de Natal. Todos os meninos e meninas combinaram de ir para o baile com esses chinelos de dedo e gorro de Papai Noel e assim foi por vários Natais nos bailes funks do Morro. Até a maneira de pegar sol na laje foi recriada, pois as meninas, para ficarem com a marquinha de biquíni bem certinha durante o verão, começaram a colar fita isolante por baixo da alça e usar bronzeadores caseiros, feitos de folha de figo ou de sementes de urucum com óleo de amêndoas ou mineral. Essa moda foi parar nas novelas e agora tomou conta do Rio de Janeiro todo. Nas redes sociais, o que não falta é anúncio de mulheres alugando suas lajes para fazer bronzeamento e até o biquíni de fita isolante surgiu depois que a cantora de funk Anitta usou em um de seus videoclipes. É a favela dando seu pitaco na moda carioca.

Dentro da favela vemos isso claramente, pois estão sempre surgindo novas tendências femininas e masculinas, duradouras ou passageiras. Não importa, o que interessa mesmo é estar bem e se sentir bem, seja qual for o estilo.

 

*Matéria publicada no jornal A Voz da Favela edição de novembro de 2018

 

 

 

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Carla Regina
Sou estudante do último período da faculdade de Jornalismo, gosto muito de ler e de escrever. Me acho simpática, pelo menos é o que me dizem as pessoas quando me conhecem, mas creio que eu seja sim, pois adoro fazer novas amizades e conservar as antigas. Comunicativa, dinâmica e muito observadora, um tanto polêmica. Gosto muito de trabalhar em equipe, mas, dependendo da situação, a minha companhia para trabalhar também é ótima. Pois, na minha opinião, a solidão aguça a criatividade, fazendo com que a mente e os pensamentos fluam um pouco melhor. Comecei a trabalhar muito nova, ainda quando criança e já fiz muita coisa na vida, mas meu sonho sempre foi ser Jornalista e Historiadora, cheguei a ter muitas dúvidas de qual faculdade cursar primeiro, já que para mim as duas carreiras são maravilhosas. Então, resolvi entrar primeiro para o Jornalismo e no decorrer do curso percebi que cursar a faculdade de História não era só uma paixão, mas também uma necessidade para linha de jornalismo que que pretendo seguir. Como sou muito observadora e curiosa, as duas profissões têm muito a ver com minha pessoa. Amo escrever e de saber como tudo no mundo começou, até porque. tudo e todos tem um passado, tem uma história para ser contada.