Todos devem conhecer aquela ave chamada João-de-barro, pois bem, esta constrói a casa, forma sua família e corre o risco de, posteriormente, ser expulso por algum Canário.
Sim! Isso acontece! O pobre João, depois de tanto sacrifício corre sério risco de perder o seu patrimônio, o canário-da-terra não lhe pergunta nada, não procura saber sobre a sua felicidade em morar naquele local. Querem sua casa, querem sua dignidade, querem seu espaço! Mas, e a vida que João tem ali? E suas raízes? Será que alguém deve decidir, arbitrariamente, onde João morará?
Ah! Mas, o canário-da-terra decide pagar o preço que acha justo! Mas, será que podemos medir a felicidade de alguém, a identificação com o lugar em que cresceu, fez suas amizades e constituiu família?
É preciso ficar atento quanto às questões envolvendo direitos humanos, e que o governo em todas as esferas não se comporte como um Canário-da-Terra. Grandes eventos são importantes para o país e as cidades onde ocorrerão, porém, é preciso respeitar o ser humano, o povo, que tem o verdadeiro poder em um país democrático.
Para finalizar, transcrevo um trecho de uma matéria reproduzida no site G1, onde a relatora da ONU pelo direito à moradia adequada, Raquel Rolnik, alerta para o que está acontecendo:
“Essas remoções NÃO têm acontecido de acordo com os padrões internacionais, estabelecidos pela ONU, para casos desse tipo. Remoções podem acontecer, entretanto, elas devem respeitar uma série de condições para que elas possam ser feitas, respeitando os direitos humanos das pessoas envolvidas. Isso não tem acontecido em grande parte dos casos”, afirmou Rolnik em entrevista à Rádio ONU.
Fontes:
Revista ciência hoje das crianças, ano 19/nº166. Março de 2006