Pelo direito de ser representado. Pela urgência de retratar diversas faces de uma realidade negligenciada pelos grandes veículos de comunicação. Pela necessidade de construir uma nova narrativa acerca das favelas. Em 08 de janeiro de 2001, instituiu-se um projeto que busca a democratização da informação e da comunicação no Brasil: a Agência de Notícias das Favelas.
Essa matéria, que pode até parecer uma história de autopromoção, é, na verdade, uma homenagem a uma das organizações que mais atuam na defesa do direito à comunicação dentro e fora das favelas. Desde a sua criação, a ANF entende a necessidade de ir além dos ideais de liberdade de expressão: é preciso que favelados estejam no centro da produção midiática e jornalística, e façam registro da sua vivência.
Em uma sociedade tão influenciada pelo sistema privado de mídia, percebe-se que a veiculação de conteúdos tão distorcidos ou parcialmente negativos sobre as favelas, uma prática das “grandes empresas”, motiva um ciclo de desinformação e de estigmas acerca desse espaço e de sua população. É num sentido contrário a esse fluxo que a ANF se estabelece e se afirma. Há 18 anos, luta para democratizar a informação, propondo integrar conhecimentos, notícias e saberes entre as favelas do país.
Com o jornal “A Voz da Favela”, a ANF produz o maior impresso das favelas do país, escrito e editado por moradores e ativistas das favelas de forma colaborativa. Com tiragem de 50 mil exemplares mensais, ele circula nas regiões do Rio de Janeiro, da Baixada Fluminense e de Niterói e garante renda para dezenas de pessoas. Além disso, não há preço para cada edição: o leitor realiza uma contribuição voluntária.
A organização também realiza projetos culturais, educacionais e voltados à defesa da cidadania. Em 2017, criou-se o curso de pré-vestibular comunitário, com dezenas de professores voluntários, voltado a moradores das favelas do Rio de Janeiro. No mesmo ano, uniu-se a UFRJ em um projeto de extensão em Comunicação Social, que capacita jovens jornalistas na prática de Comunicação Comunitária. Em reconhecimento ao trabalho desempenhado, a ANF já recebeu vários títulos do município e do estado do Rio de Janeiro, incluindo homenagens com as medalhas Pedro Ernesto e Tiradentes.
A primeira Agência de Notícias das Favelas vive, resiste e se expande em mais um ano de vida. Na semana em que a Agência de Notícias das Favelas completa 18 anos, é tempo de agradecer aos colaboradores e leitores por todo o apoio e o suporte. E aliado a essa gratidão, nota-se que é a hora de renovar o nosso compromisso e a nossa missão de melhorar a qualidade de vida de tantos cidadãos por meio da troca e da veiculação de informações sobre as favelas.