Uma paixão de crianças e adultos desde as primeiras idades da vida, as pipas são objetos essenciais nos céus do Rio de Janeiro. Principalmente nas áreas suburbanas, os moradores se divertem e colorem os céus de suas vizinhanças com tipos de todas as cores e modelos. A tradição é mantida por uma grande comunidade de pipeiros, que resistem à era dos celulares, através de festivais, torneios e encontros. Ou ela se mantém também pela simples diversão que é proporcionada a todos nos fins de tardes ensolaradas. Essa atividade, além de ser uma arte, une as pessoas e leva lazer onde ele não existe. Como se diz na música “Reza Vela”, do Rappa: “a molecada corre e corre, ninguém tá triste”.
Não se sabe ao certo a origem da pipa, mas há registros de objetos que voavam controlados por fios já no Antigo Egito. Falando mais de história, foi através de experiências com pipas que Santos Dumont conseguiu desenvolver o 14 Bis, o primeiro avião.
Hoje em dia, ela se torna cada vez mais um negócio bem lucrativo, e os pipeiros têm um grande mercado, nessa economia que não despenca nem com a crise, chegando até a exportar até para outros países. Há muitos médios e grandes empreendedores, e tudo evoluiu muito. Os papéis de seda hoje são mais resistentes e com mais opções de cores, e até mesmo as varetas das estruturas, antes de bambus, agora são mais modernas, de fibras de vidros.
Essa brincadeira já ganhou até título sério e virou patrimônio cultural, histórico e imaterial do estado do Rio de Janeiro. Esse título veio para oficializar o que já está enraizado na cultura carioca. A lei foi sancionada no ano passado.
Mas, apesar do caráter lúdico e recreativo das pipas, algumas coisas preocupam a população e tornam a atividade um risco às vezes. Falamos do uso de linhas cortantes, como o cerol e a linha chilena. Os praticantes que as utilizam têm grande facilidade para comprá-las. Entretanto, isso é proibido por lei, e os fabricantes são obrigados a colocarem nas pipas a advertência de proibição do seu uso.
O cerol, mais famoso, é uma mistura cortante de vidro moído e cola que se passa na linha. Já a linha chilena é um fio de algodão, encerado com quartzo moído e óxido de alumínio. O preocupante é que essa linha tem um poder cortante quatro vezes maior que o cerol. Quem insiste em defender o uso disso conta que as pipas são sempre uma competição e eles não querem ter suas pipas cortadas, mas não pensam em quem quer fazer um uso pacífico das pipas e sem prejuízos materiais ou à saúde. O maior risco é para motociclistas, que andam pelas ruas em alta velocidade com suas partes do corpo expostas, principalmente o pescoço. Se eles encontrarem uma linha dessa pelo caminho, pode ser fatal. Essas linhas também podem danificar cabos de alta tensão.
Riscos à parte, essa tradição se mantém e precisa se afirmar cada vez mais. Apesar de ser mais popular no período de férias, em alguns redutos, como no Largo do Estácio, os encontros de pipas ocorrem o ano todo e reúnem gente que vai de longe. Então, nesse verão, para se divertir, vá para as ruas com o seu carretel e sua pipa, e ajude a manter essa tradição.