Cristianismo e Cidadania

Créditos - Bairro da Paz News

A notícia da chegada de Jesus causou muito alvoroço no meio dos religiosos e políticos de plantão naquela época. Antes de nascer, já era “perseguido”; seus pais se exilaram para garantir que o rebento não fosse alvo das atrocidades dos “cidadãos de bem”, “ávidos pela sede de justiça”.
Em meio a muitas dificuldades, nascia aquele que uniria o cristianismo e a cidadania (na minha opinião), contrariando as estatísticas, quebrando protocolos, sendo exceção às regras e servindo de exemplo para a humanidade, caso queira.
Certa vez fui indagado da seguinte forma: “Que proeza é essa de você ser cristão e se envolver com questões sociais, com movimentos sociais, com militância em favor dos direitos humanos? As igrejas se omitem de tantas coisas…Seu pastor sabe? Ele deixa?”
Simplesmente respondi:

“Sigo a Cristo, tento colocar em prática seus ensinamentos, e isso diz respeito a entender que precisamos contribuir para que a vida humana seja valorizada e ser cristão é fazer o que Jesus sempre fez, SER HUMANO, ter compaixão, lutar por justiça e pela justiça social, sem conchavos, e mesmo sendo contrário a várias questões, ele nunca oprimiu, desvalorizou ou julgou as pessoas, foi enérgico quando faziam do templo um mercado, advogou a favor dos injustiçados e foi caluniado, condenado e assassinado por ter incomodado aqueles que temiam perder o poder/manipulação da população.” 

Dito isso, entende-se que a cidadania é, em muito casos, o reflexo do cristianismo propagado por Jesus anos atrás. Se por um lado temos direitos e deveres e como cidadãos temos regimentos sociais estabelecidos que nos fazem refletir sobre nosso comportamento na sociedade, por outro, temos o livre arbítrio de pensamentos e atitudes e que nossas ações geram consequência; só depende do que fazemos.
Vendo a figura de Jesus atuando no período de sua existência entre os humanos, percebo o quanto sua postura diante das situações que o afrontavam e estimulavam a agir era um comportamento sóbrio com a intenção de provocar nas pessoas um conforto em estar perto dele, de querer saber mais sobre como respeitar a particularidade do outro sem que sua personalidade fosse descaracterizada. Jesus não era impostor, ameaçador, nem abusava da sua autoridade para coagir as pessoas. Pelo contrário, foi com mansidão e prudência que conseguiu deixar um legado para aqueles que desejam seguir seus conselhos quanto a amar ao próximo como a nós mesmo. É pra amar a todos, não vale escolher. A acepção de pessoas é um crime, pecado, como queiram entender.
Todos recebem a mesma informação, seja por ensinamentos religiosos ou conhecimentos das questões do dia a dia, mas, cada um absorve de um jeito, interpreta segundo suas convicções e experiências, e coloca em prática ou não tal aprendizado perante suas intenções.
Muitas vezes por conveniência e outros interesses não levamos em consideração que nossos atos podem colocar a nossa vida e a de outros em situações de perigo, entramos em contradição entre o discurso e a prática, se somos a favor da paz porque estimulamos a guerra, em suas variadas formas, se somos a favor do diálogo porque incitamos o ódio, a tortura, a armar as pessoas em nome de uma falsa sensação de mais segurança.
Cristianismo e cidadania podem sim dialogar; só não podemos esquecer do nosso compromisso como seres humanos/cidadãos/cristãos…juntos somos mais fortes.

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Paulo de Almeida Filho
Jornalista, Especialista em Comunicação Comunitária, Mestre em Gestão da Educação, Tecnologias e Redes Sociais - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Editor da Agência de Notícias das Favelas. Pesquisador do CRDH- Centro de Referência e Desenvolvimento em Humanidades - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Professor de Pós Graduação, em Comunicação e Diversidade, na Escola Baiana de Comunicação. Assessor da REDE MIDICOM- Rede das Mídias Comunitárias de Salvador. Membro do Grupo de Pesquisa TIPEMSE - Tecnologias, Inovação Pedagógicas e Mobilização Social pela Educação. Articulado Comunitário do Coletivo de Comunicação Bairro da Paz News. Membro da Frente Baiana pela Democratização da Comunicação. Integrante do Fórum de Saúde das Periferias da Bahia. Membro da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito- Núcleo Bahia. Integrante da Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores Coordenador Social do Conselho de Moradores do Bairro da Paz, EduComunicador e Consultor em Mídias Periféricas.