Há 12 dias, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (BOPE) realiza operações sistemáticas em várias das 16 favelas da Maré – território carioca com população estimada em 140 mil pessoas.

A ação policial, chamada pelas autoridades militares de “operação continuada”, tem sido marcada pela falta de informações e desencontro de pareceres das autoridades de segurança pública. Exemplo maior desta situação foi a distribuição aleatória de panfletos com a inscrição “Sua comunidade está sendo pacificada”.  Apesar da difusão da informação, posteriormente a polícia militar afirmou, através de nota, que a ação não tinha como objetivo a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e que o material impresso arremessado do helicóptero era, na verdade, sobra de outra ação, ocorrida no Morro da Mangueira, Zona Norte. A assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública do Rio informou, por sua vez, que os folhetos despejados sobre as favelas da Maré foram, na verdade, parte de “uma tentativa de confortar a população local, aproximando-a da força policial”.

Para além da evidente descoordenação política e técnica da ação, moradores das favelas em que a ‘operação continuada’ tem se concentrado até agora, tem relatado constantes violações de direitos humanos.

Diante disso, as organizações abaixo assinadas, de dentro e de fora da  Maré, que atuam no campo da defesa e promoção de direitos, em reunião realizada no dia 24 de outubro, propõem os encaminhamentos abaixo relacionados, visando garantir a materialização de uma política de segurança pública que, de fato, assegure os direitos fundamentais dos moradores locais:

1. Uma reunião imediata de representantes das organizações assinaladas com a direção da Secretaria de Segurança Pública, Comando do BOPE e Comando do 22° Batalhão;

2. A produção, pelo BOPE, de uma nota dirigida aos moradores da Maré esclarecendo os objetivos da Operação em curso, assim como a difusão nesse folheto das formas legais de ação por parte dos policiais, em especial as abordagens e eventuais entrada em domicílios;

3. Investigação e apuração de todos os casos de violações de direitos cometidas pelo BOPE

4. Suspensão imediata das operações até que as solicitações acima sejam devidamente atendidas.

Assinam essa nota:

Observatório de Favelas

Redes de Desenvolvimento da Maré

Comissão de Direitos Humanos da Alerj

Rede de Comunidades e Movimentos contra a violência

Justiça Global

Luta Pela Paz

Humanitas e Cidadania

Lona Cultural da Maré

Imagens do Povo

Iser

Associação de Moradores do Morro do Timbau

Associação de Moradores do Parque União

Associação de Moradores da Nova Holanda

Associação de Moradores do Parque Rubem Vaz

Centro Municipal de Saúde Samora Machel

Centro Municipal de Saúde Nova Holanda

Centro Municipal de Saúde Hélio Smith

Centro Municipal de Saúde Gestão Capanema

Centro Municipal de Saúde Vila do João

Centro de Promoção da Saúde – Cedaps

Escola Municipal Teotônio Vilela

Associação dos Docentes da UFF

Projeto Uerê

Instituto Vida Real

Instituto Raízes em Movimento

Viva Comunidade

Viva Rio