Dizem que os olhos são as janelas da alma e que através deles é possível perceber se uma pessoa está sendo verdadeira enquanto fala.
E como aplicar esse conceito diante de alguém que é cego?
Essas e outras dúvidas devem pairar nas mentes de muita gente. Agora se imagine diante de uma pessoa com inúmeras habilidades, principalmente na escrita (utilizando os recursos disponíveis para alguém cego), com participação ativa em movimentos sociais, articulada com instituições, órgãos públicos, atuante em causas politicas, atenciosa com tudo a sua volta. Como anda sua imaginação até aqui sobre esse alguém?
O paragrafo terminou e talvez você nem lembre que foi citado nele sobre uma pessoa com deficiência visual. Surpresa?
Foi exatamente assim que os estudantes do curso da turma RACC- Rede de Agentes Comunitários de Comunicação e outros presentes ficaram, surpresos, com tamanha desenvoltura de Ednilson Sacramento, Jornalista cego, que palestrou sobre comunicação e acessibilidade para pessoa com deficiência e fez as pessoas enxergarem sua realidade com outro olhar.
Ednilson abordou vários pontos da sua trajetória de vida, seja como ativista social, desde quando começou a participar de movimentos e também pela sua experiência acadêmica durante o curso de jornalismo, onde sentiu a necessidade de criar algum mecanismo que pudesse democratizar o acesso à comunicação as pessoas com deficiência visual e de profissionais que tivessem subsídios para produzir conteúdos para as pessoas cegas, criando assim um guia para orientar jornalistas e comunicadores em geral.
O entusiasmo e motivação que é provocado em que ouvi uma palestra como essa é algo indescritível, traz uma reflexão profunda para quem tem a visão a enxergar a vida com outros olhos, literalmente. A visão é um dos sentidos geralmente usado por pessoas que não têm deficiência visual, mas nem sempre a cegueira está no olho, talvez o coração não veja a vida em sua beleza plena.
“…devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr”.