Rosa sempre foi símbolo do feminino. Apesar de haver uma liberdade na moda atual, em que as cores estão liberadas para homens e mulheres, há muitas pessoas que associam o rosa com a cor da mulher frágil, submissa. Entre as tantas bobagens que o – já posto para fora – Temer falou ficou marcada a declaração de que a mulher ideal é a que cuida do lar.
Em se tratando de mulher, falar da violência doméstica é um assunto que não se esgota, infelizmente, porque o aumento da violência em pleno século XXI é assustador. A conquista de direitos vem através de batalhas permanentes. Surgiu, nestes tempos, uma nova expressão: sororidade; a união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum.
Em algumas cidades brasileiras foi implantado o “vagão rosa”, para o uso exclusivo de mulheres, de manhã e de tarde, nos horários de pico. Outras cidades estão se organizando para seguir o modelo que já existe em vários países, em que o machismo é mais frequente.
A proposta criou polêmicas e dividiu as posições: “A criação do vagão rosa não enfrenta o problema da violência machista nos transportes públicos de forma contundente, apenas ajuda a colocar o problema para debaixo do tapete”, declara Luka Franca.
Claro que não é a solução e há reivindicações mais urgentes, como melhor assistência em caso de violência, criação de creches para as que trabalham etc. A cidade é pensada contra a mulher. No entanto, a existência dos vagões rosa deixa visível o quanto é necessário uma proteção para as mulheres, pois, diariamente, estão expostas a todo tipo de violência. Assédio nos transportes públicos ainda parece uma coisa natural.
Sem entrar na polêmica, vejo que estes vagões precisam ser transformados em espaço de encontros, debates, ações de combate à violência e para a prática da sororidade.
É urgente a mobilização das mulheres para trocarem histórias no trajeto, trocarem saberes e formar redes de apoio. Neste espaço em que estão reunidas, sem homens por perto, é possível começar uma jornada diferente. Um convite para olhar as mulheres que estão ao seu redor, dialogar, perguntar o nome, o que estão vivendo e para onde vão.
Vamos transformar este vagão rosa em um vagão de rosa choque!!!
- Matéria do Jornal a Voz da Favela edição de março de 2019