Recebemos essa semana o texto de um colaborador de Angola, África. O texto está no original e o português de nosso colaborador não é igual ao nosso, porém conseguimos entender e ficamos orgulhosos em ultrapassar pela primeira vez as barreiras além mar e alcançarmos o continente Africano. Avelino é filósofo e nos foi indicado pelo colaborador Hugo Allan Matos, também filósofo, que escreve de São Bernardo do Campo. Nosso sonho é ter colaboradores em cada favela do mundo!
Corrupção verso Agentes da Policia
… Talvez, dirias: porquê abordar tema tão claro vidente (corrupção), nas sociedades hodiernas? Ou mesmo, te questionarias: porquê exigir mudança onde não é possível…
Certo que, a corrupção já não é uma novidade para qualquer um de nós. Dos ministérios mais justos, aparentemente, até aos menos injustos há corrupção. Mas gostaria aqui de me concentrar aos agentes da polícia que fazem o seu ganha-pão usurpando o próprio governo e os seus concidadãos.
Até uma criança de oito anos já sabe que é preciso dar gasosa ao polícia se se quiser passar em todos os controlo ou posto policial, devido a falta de documentação e cumprimento de algumas regras de trânsito.
Uma pequena história caricata aconteceu nas alteias da cidade capital ‘’Luanda’’: Um condutor, vinha de casa com a sua família (filho e esposa) no seu pequeno Toyota starlet e deparam-se com um agente que os interpelou… o miudinho ao ver a demora no posto pergunta ao pai o porquê da demora, e este mesmo na falta de documentos, estava irritado pelademora, pois o agente não estava sendo objetivo, dava voltas para pedir a famosa gasosa. Não dizia para continuar a marcha muito menos aplicava a multa! No entanto o miúdo engraçadinho pede ao pai que desse gasosa ao polícia, coitado não percebera na altura que se referia de quantias monetárias. Naquele momento o kwanza, (moeda usado em Angola) trazido por aquele cidadão o salvou!!!
De fato tem sido frequente, o uso da gasosa para subornar policias e os mesmos usam este termo para ajudar o cidadão, isto segundo a teoria que se está a desenvolver nos nossos meios; pois tudo agora é gasosa ou saldo.
Mas que sociedade é esta que estamos a construir e que pretendemos deixar aos nossos garotos?
Tenho viajado muito de candongueiro, prefiro candongueiro que táxi, visto que estaríamos em autentica contradição chamar táxi ao serviço prestado por estes indivíduos. É o ganha-pão, daí que a teoria segundo a qual uma mão lava a outra é familiar no léxico destes coitados cidadãos, o candongueiro que se fia nas regras não é bem visto para estes agentes e como o sustento de sua família sai daí, no entanto, tem de alinhar a dita ‘uma mão lava a outra’ – dar uns kwanzas para trabalhar à vontade e não ser submetido a nenhuma multa, pois essa (multa), primeiro faria que o cidadão não trabalhasse devido a irregularidade na sua viatura e em si mesmo e por fim os valores da multa teriam como destino o cofre do estado ou bolsos de alguns chefes!!!…
Lamentavelmente assim é o dia, dia nas estradas de Angola.
Questiono-me: Onde estamos, e o que queremos? Assistimos todos os dias atos desta natureza e consideramos normal. Será mesmo normal? De quem é a culpa? Cidadãos andam desencartados, sem nenhuma identificação, levam número de passageiros além do estabelecido, viaturas sem documentação, enfim… tantos pronunciamentos acerca da situação, mas quanto mais se apela mais se institucionalize o ato, quase que ninguém respeita ninguém.
Dizer que temos de parar de apelar a sociedade, os agentes, e o próprio executivo na aplicação mais séria de suas politicas, não, não é boa ideia!
Deve-se facilitar a que os utentes de viaturas consigam legalizar as mesmas sem recorrer ao famoso processo, uma mão lava a outra e as duas a cara (sentido explorativo e/ou negativo), pois se é meu dever atender o outro, não preciso dar-lhe voltas, acabando mesmo de insinuar a dar-me valores monetários. Devemos, sim nos engajar todos e denunciar estas praticas corruptivas. E este espaço é um caíros para ajudar a superar práticas menos decentes que vão acontecendo nas nossas sociedades.
Avelino J. Lucas