Apenas 15,2% das pessoas entre 25 e 34 anos possuem ensino superior completo, de acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Tal valor cai consideravelmente se pararmos para quantificar os estudantes da parcela mais pobre da população. Em 2017, apenas 7% dos estudantes de graduação eram oriundos de famílias de baixa renda. Menos de 2% dos moradores de favelas concluem o ensino superior.
Apesar de tais dados estarem vindo em uma crescente durante os últimos anos, há ainda uma considerável discrepância ao analisarmos a presença de jovens adultos de alta e baixa renda nas universidades. Entre a classe mais rica da sociedade, 70% de sua população esta inserida no ensino superior público e privado. Para quem é feito o ensino brasileiro se somente uma parte da sociedade possui acesso a ela?
Os dados apenas comprovam o que a população vivencia e enxerga diariamente, os ricos ficam mais ricos e os pobres ficam cada dia mais pobres. Um estudo realizado pela empresa de pesquisa Data Popular mostra que, em 2012, apenas 5% dos moradores de favelas possuíam ensino superior completo, porcentagem essa que, em 2002, era de miseráveis 1%.
Vítima da violência e do descaso diário, a população das favelas se torna, também, vítima da sociedade e do Governo. Acostumados a já se autodenominarem “favelados”, tais jovens são forçados, por sua realidade, a trabalharem desde jovens para sustentar sua família, trocando, assim, os estudos pela sobrevivência. Sobrevivência essa ameaçada diariamente pelos confrontos e tiroteios em suas comunidades.
Paralelamente ao lado inverso da balança, o sistema penitenciário brasileiro é composto majoritariamente por jovens pobres e negros, com baixa escolaridade. Através de um levantamento do Infopen, em 2015, tal situação pôde ser comprovada. 56% dos presos brasileiros são jovens, enquanto 67% do total de pessoas nas cadeias são negras. 53% dos presos possuem ensino fundamental incompleto e menos de 1% ingressaram ou possuem nível superior.
A população das favelas, já rendidas ao descaso de sua realidade, se enxerga na dicotomia entre a sobrevivência e os estudos. Trabalhar para fornecer alimentos à sua família ou estudar e buscar formas de melhorar sua vida e o mundo? Como sobreviver em uma sociedade que te ataca diariamente e te joga em prisões? Como ser pobre e favelado em um País em que somente as classes mais ricas e do asfalto são vistas como seres humanos?