Projetos de incentivo a leitura em regiões pobres do estado mostram o poder dos livros na vida de seus moradores
A Livreteria Popular Juraci Nascimento e a Rede Baixada Literária apostam na democratização da leitura para mudar a realidade social dos moradores da favela do Zinco e de Nova Iguaçu
“Aqui na favela quando as pessoas escutam a palavra projeto, costuma- se pensar que ele vem, fica um tempo e depois vai embora. E a gente não era isso”. Essa frase foi dita por Guilherme Vinicius, um dos “pais” da Livreteria Popular Juraci Nascimento. Um projeto localizado na favela do Zinco no Complexo de São Carlos, que nasceu em 2014, ganhou uma sobrevida em 2016 ao virar ONG e que desde o seu início tem o intuito de fazer com que crianças e adolescentes da favela tenham mais acesso à leitura.
O hábito da leitura no Brasil ainda é bem pouco praticado. Ano após ano é questionado o porquê do brasileiro ler tão pouco. Esse questionamento sempre aparece perto de datas comemorativas como a do Dia Mundial da Leitura, comemorado no dia 23 de abril. Em pesquisa feita em março de 2016 pelo Instituto Pró-Livro, indicou que o brasileiro lê, em média, 2,43 livros por ano. E revelou, ainda, que 30% da população nunca comprou um livro. Projetos como a Livreteria Popular Juraci Nascimento e o Baixada Literária ajudam nesse incentivo e na promoção da leitura àqueles que não tem tanto acesso a ela.
A Livreteria começou sem nenhum apoio financeiro e, segundo Guilherme, tem o diferencial de ser pensado, estruturado e dirigido por pessoas de dentro da favela. O projeto só conseguiu esse apoio depois de entrar na Agência de Redes para a Juventude, que deu 5 mil reais como ajuda. “Com esse dinheiro consertamos um triciclo velho com um serralheiro de São Gonçalo e começamos a fazer o triciclo itinerante”, disse Guilherme.
A Baixada Literária é uma rede de leitura que fica em Nova Iguaçu, com quinze bibliotecas comunitárias e um projeto de leitura itinerante. Segundo Nathalia Cabral, comunicadora da Baixada Literária, a maioria das bibliotecas já desenvolviam atividades nas comunidades, mas que ao começarem a fazer parte de uma rede elas conseguem incidir com mais força. “São poucas as crianças que tem oportunidade de ler e ter livros, então as bibliotecas comunitárias acabam sendo um local de democratização da leitura. E muitas dessas crianças entende o que é cultura a partir desses espaços”, disse a comunicadora.
Tanto a Rede Baixada Literária quanto a ONG Livreteria Popular Juraci Nascimento, têm em seu planejamento diversas atividades para a propagação não só da leitura, mas do gosto por ela. Assim como essas duas iniciativas que dão certo, existem muitas outras que existem, mas, muitas vezes, não tem o apoio necessário para continuarem. Valorizar e incentivar a leitura pode mudar vidas.
Matéria exibida na edição do jornal A Voz da Favela em abril de 2019