Salvador ganhou no mês de maio o Centro de Cultura e Acolhimento para LGBTQI+, a Casa Aurora. Coordenado pelo casal trans João Hugo e Sellena Ramos, integrantes da ADIBA – Associação de Diversidade e Inclusão da Bahia.
A Casa Aurora está localizada no bairro Saúde, centro de Salvador. O espaço iniciou o processo de implementação para acolhimento provisoriamente e prioritariamente de jovens entre 18 a 29 anos que precisam de auxílio por conta da sua orientação sexual e/ou identidade de gênero.
O projeto social surgiu da necessidade da população LGBTQI+ em enfrentar os danos causados pela LGBTfobia. Entre os seus propósitos, a Casa Aurora visa o resgate dos valores básicos da convivência familiar e comunitária para a livre expressão da potencialidade dos sujeitos, fomentando o desenvolvimento pessoal e intelectual através das atividades desenvolvidas, segundo coordenação do espaço.
Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais – ANTRA, mais de 90% das travestis, homens trans e mulheres transexuais estão fora do mercado formal de trabalho.
Sellena Ramos, mulher trans e uma das coordenadoras da Casa Aurora considera que a população LGBTQI+ é vitima principalmente da cisheteronormatividade, que impõe padrões comportamentais violentos e que estão naturalizados na sociedade.
“A Casa Aurora surge para acolher essas pessoas, promovendo ações sociais e educativas, tendo como principal foco a inserção deste público, sobretudo a população trans no mercado de trabalho.
“Um dos objetivos do projeto, para além do acolhimento, é desenvolver atividades socioeducativas e culturais no espaço, resgatando a autoestima das pessoas LGBTQI+ que serão acolhidas. E as pessoas LGBTQI+ externas que irão participar das atividades na casa”. Complementou João Hugo, também coordenador do espaço.
Para equipar os cômodos, a Casa Aurora está recebendo doações de utensílios, domésticos e móveis além de doações através de financiamento coletivo para pagar as contas e a manutenção do espaço.
Funcionária do Centro de Referência Estadual LGBT, conhecido como Casarão da Diversidade, Symmy Larrat, considera que o espaço cumprirá um importante papel para um público completamente esquecido pelas políticas públicas.
“Temos uma demanda real de pessoas LGBTQI+ que estão sendo expulsas de casa, e por conta do ódio e do preconceito estão ficando na rua. Este é um espaço de alerta para que o poder público possa dar conta de atender essa população em situação de vulnerabilidade”.
Symmy completou ainda que a falta de dados no Brasil sobre a população LGBT de rua dificulta as ações de atendimento, tornando ainda mais difícil a situação destas pessoas.
“Os equipamentos de atendimento às pessoas em situação de rua não dão conta de respeitar as identidades de gênero e orientação sexual. Em muitos casos isso acontece por serem espaços coordenados por religiosos fundamentalistas e por isso muitas vezes uma travesti é obrigada a ficar em abrigo masculino”, alertou.
Para dar início ao atendimento, o espaço cultural está fazendo uma campanha de financiamento coletivo.
Para ajudar basta acessar o link da vakinha: http://vaka.me/590271 ou fazer uma doação na conta da ADIBA – Caixa Econômica Federal, AG:3790, OP: 003, CC:1168-0, CNPJ: 32885310/0001-27, ASSOCIAÇÃO DE DIVERSIDADE E INCLUSÃO DA BAHIA – COLETIVO AÇÃO.
Para saber das atividades da Casa Aurora acompanhe o projeto através da página do Facebook “Casa Aurora” e no Instagram @aurora_casalgbt.