Ontem abrimos nossa urna do plebiscito dentro da Favela do Jacarezinho. Com a apresentação bastante informal e bem a vontade do grupo musical do Jacarezinho, desistimos de ter muito trabalho e trocamos o prometido sopão por um farto churrasco. Em determinado momento estávamos com muito mais carne do que tínhamos levado. Na favela é assim, todo mundo vai contribuindo com alguma coisa e todo mundo participa de tudo.

Com a urna aberta, pensei que teríamos bastante trabalho em conseguir votos já que era praticamente a primeira vez que tocávamos no assunto. Ledo engano, em pouquíssimo tempo já tínhamos praticamente esgotado nossos panfletos e conversado com dezenas de moradores que apoiavam de prontidão a campanha.

Barbeirinho do Jacarezinho, Rumba Gabriel e alguns outros ilustres moradores ajudavam na votação e também nas discussões. Para quem não sabe, o Jacarezinho tem metroviário, metalúrgico, professor, engenheiro, músico e também muitos desempregados e trabalhadores informais. É um fantástico espaço de materialização das discussões políticas que permeiam as desigualdades sociais e a falta de investimentos em serviços básicos. Entre um samba e outro, as discussões iam avançando junto com os batuques e cordas. Quando o assunto principal é educação, ninguém lá fica indiferente. Chegamos a algumas clarificações e aprofundar o tema dentro do Jacarezinho deve ser o próximo passo. Crianças e jovens não podem ser perdidas para as armas e muito menos para as drogas cada vez mais pesadas. E também não podem virar moeda barata para redes de escravidão. Onde as escolas pecam, não há uma segunda chance. É mais do que necessário que as crianças e jovens do Jacaré, se encontrem na escola e para isso, as escolas vão ter que descer a terra da realidade da favela.

Um primeiro passo foi dado nessa campanha maravilhosa impulsionada pela CSP Conlutas, ANDES, Sindicatos diversos de professores, entidades estudantis e também com apoio da ANF. Agora é partirmos para os diagnósticos e para as exigências. A favela do Jacarezinho tem pressa, pois já está cansada de perder.